Review: "Arbor" - Interpolant

* To read the english version of this review click here

Confesso que até 3 de abril eu não sabia quem era o músico holandês Tobias Borra. Até que, às 5h23 da manhã daquele dia, recebi um e-mail dele. Simpático, Borra se apresentou e me mostrou em primeira mão seu novo projeto chamado Interpolant. Não bastasse a surpresa pelo contato, a surpresa maior veio quando dei play no debut Arbor (via Terminarch Records).  

O álbum traz uma sonoridade diferente. É basicamente um death metal muito agressivo, mas que usa e abusa dos sintetizadores. Para os 'rotulistas' de plantão, daria pra dizer que o Interpolant é uma banda de death/tecno/industrial metal. No entanto, fica nítida a ideia de Borra em quebrar a estética usual do estilo. E não rotular a banda dentro de um segmento é o primeiro passo para que a experiência com o disco seja proveitosa. 

Arbor abre de maneira sufocante com Aspen Grove e todo clima perturbador criado pelos sintetizadores. Sycamore, primeira música divulgada do projeto, é brutal do início ao fim com andamento pesadíssimo, com Borra urrando como o arauto do fim do mundo. O mesmo acontece em Ascendant. 

>> Ouça Sycamore aqui

Como vocês já perceberam, o destaque principal fica por conta dos arranjos de sintetizadores na onda meio experimental/industrial. Ouça a instrumental Tannhäuser Gate e entenda. Outro exemplo é a emocionante e agoniante (e para mim a melhor do álbum) The Cartographer's Song. 

Esta quebra de paradigma em um estilo tão "quadrado" é o que torna Arbor em algo diferenciado. Borra rompe com as regras do death metal e dá pleno protagonismo para os sintetizadores, que aqui compõem toda estrutura melódica das músicas. Os instrumentos básicos como baixo, bateria e guitarra assumem um papel secundário servindo como suporte para as bases sintetizadas. 

Criada em meados de 2020 no auge da pandemia, a música do Interpolant reflete o estado em que vivia seu mentor: o álbum é angustiante, denso, sufocante, perturbador e claustrofóbico. Estamos na metade de 2021, mas adianto que Arbor já figura na minha lista de melhores do ano.