A fervilhante New Wave of British Heavy Metal vivia o frescor dos seus primeiros anos com inúmeras performances inesquecíveis pelos palcos da Inglaterra, fosse ela em um pequeno pub ou em um teatro mediano. Havia também os grandes festivais como o Reading, que em 1981 foi palco de uma apresentação memorável do Samson - muito pela exibição de gala de Bruce Dickinson.
...
Formado em 1977 pelo guitarrista Paul Samson, a banda que leva o seu nome era uma das queridinhas do circuito local. Àquela altura como um trio que, além de Paul nas guitarras e no vocal, trazia Chris Aymler no baixo e Clive Burr na bateria, o Samson lançou dois singles: Mr. Rock & Roll e Telephone.
No fim dos anos 1970, o mercado de transferências entre músicos estava forte na Inglaterra: Clive Burr assumiu as baquetas do Iron Maiden e fui substituído pelo folclórico Thunderstick, que esteve presente numa das formações pré-históricas da Donzela. Nessa mesma janela, o Samson trouxe o seu maior reforço: o vocalista Paul Bruce Dickinson - que atendia pelo bizarro apelido Bruce Bruce.
Havia uma certa "rixa" entre o Samson e o Iron Maiden. Testemunhas oculares da época afirmam que as bandas disputavam palmo a palmo cada espaço. Enquanto o Maiden assinou com a EMI para o lançamento de seus discos, Paul Samson e seus comparsas conseguiram um contrato com a RCA. Assim, o Samson lançou Survivors (1979), Head On (1980) e Shock Tactics (1981).
Em 1981 a banda foi escalada para tocar no Reading Festival ao lado de nomes como Trust, que contava com um certo Nicko McBrain na bateria, e Gillan, o banda solo de Ian Gillan que tinha nas guitarras ninguém menos que Janick Gers. Mas, independente das bandas escaladas para o festival, quem brilhou naquele sábado, 29 de agosto, foi - e aqui passo a chamá-lo pelo nome correto - Bruce Dickinson.
...
Embora tenha sido lançado apenas em 1990, Live at Reading '81 é, sem dúvidas, um dos maiores discos ao vivo que se tem notícia no heavy metal. A apresentação, transmitida e captada ao vivo pela BBC em 1981, é um documento definitivo do talento e da potencia de Bruce Dickinson. Apesar de Paul Samson ser a figura central da banda, Dickinson trouxe para si os holofotes por méritos próprios.
Ao longo da apresentação e do álbum, Bruce demonstra toda a extensão de sua voz poderosa e versátil. Desde os gritos agudos e estridentes até os momentos mais melódicos, sua performance é impressionante. Uma das faixas que exemplifica a excelência vocal de Dickinson é Big Brother, na qual ele apresenta um equilíbrio perfeito entre agressividade e melodia.
Outro destaque é a interpretação de Dickinson na faixa Earth Mother. Sua capacidade de transmitir emoção e profundidade lírica é evidente nessa performance. Seja nos momentos mais emotivos ou nas partes mais pesadas e intensas, sua voz brilha. É como se as notas se rendessem a ele como amantes apaixonadas.
Notas estas que Bruce alcança com uma facilidade que impressiona. A impressão é a de que o vocalista não fazia nenhum esforço para chegar nas mais altas. A clássica Vice Versa é um exemplo. Outra clássica, Riding With The Angels mostra toda a versatilidade de Dickinson numa faixa que é agressiva e melódica ao mesmo tempo.
...
Live at Reading '81 (lançado no Brasil pela Hellion Records) é um registro que documenta não apenas a apresentação explosiva do Samson no festival, mas também a contribuição única de Dickinson como vocalista. A energia e a paixão transmitidas em cada nota vocal são um testemunho da grandiosidade de sua voz.
>> Sound Classic: "The Number Of The Beast" - Iron Maiden
A performance de Bruce Dickinson serviu como um trampolim para sua carreira posterior com o Iron Maiden, onde ele se tornou uma das figuras mais proeminentes do heavy metal. Sua habilidade vocal inigualável e presença de palco magnética influenciaram gerações de vocalistas e ajudaram a elevar o status do gênero a novos patamares.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!