Review: Djevel - Natt til ende

"Natt til ende" é o último capítulo da Trilogia Noite iniciada pelo Djevel em 2021. O primeiro, "Tanker som rir natten", colocou os holofotes sobre os Demônios Noruegueses, que viram o sucessor "Naa skrider natten sort" ser aclamado pelo público e pela crítica - e consequentemente vencedor do prêmio Spellemann, o Grammy norueguês. Agora, em "Natt til ende", o trio Kvitrim (vocal/baixo), Trånn Ciekals (guitarra) e Faust (bateria) atinge o apogeu musical neste álbum que certamente colocará a banda em outro patamar. 

>> Review: Djevel - Tanker som rir natten

>> Review: Djevel - Naa skrider natten sort

Ciekals usa da filosofia para descrever seu objetivo com "Natt til ende": "Este último capítulo é meu manifesto do fim definitivo do cristianismo e da morte de 'Jesus', tanto na forma física quanto mental. Naturalmente, isso também levanta a ideia e o conceito de forças que o cristianismo chama de más. As mesmas forças que eu chamaria de naturais e humanas. Elas podem ser descritas como em um sonho ou em um discurso mais severo.

E assim o Djevel dá início à sua batalha épica contra a Luz e em oposição a tudo que é considerado "Bom". Lançada como primeiro single, a faixa Bespottelsen abre o disco de forma graciosa e brutal, como devem ser as noites de inverno nos fiordes e florestas norueguesas. Ela é seguida por En Vinter Efter Kommer que, com seus coros, nos remete aos melhores momentos do Ulver no seminal "Kveldssanger" (1996). A trinca inicial é finalizada com a primitiva e atmosférica Ravnehymne

A sugestiva Jesu Lidelse reúne elementos que a credenciam como uma das melhores canções de toda a Trilogia. Já a ríspida e crua Under Nattens Fane I Fandens Prakt tem como destaque o folclórico Faust; aqui, o histórico baterista ex-Emperor domina todas as ações com as baquetas em punho. Conduzida no piano e adornada com texturas lúgubres, I Skovaandsfavn traz os sussurros das sombras carregados pelo vento. O ato final fica a cargo da faixa-título, que, com seus impecáveis 14 minutos, é um manifesto à Noite Até o Fim

Álbum mais aguardado do ano por este que vos escreve, "Natt til ende" já é um marco atemporal na carreira do Djevel. Se vai conquistar prêmios ou não, pouco importa. A experiência proporcionada pela audição do disco transcende essas formalidades protocolares — embora, é claro, ela ainda fique aquém da insuperável experiência de contemplar a Noite.

Comentários