Os tributos inusitados do metal

Arte: Jaya Studio

O mundo do metal é conhecido por sua diversidade sonora, com muitas bandas criando e reinventando sons que empolgam seu público cativo. Além disso, uma prática comum entre as bandas é fazer covers de outros artistas, colocando sua própria interpretação e estilo nas versões. Neste texto, vamos explorar alguns dos covers mais inusitados do metal, aqueles que surpreenderam - e chocaram - os fãs quando foram lançados. 

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A inspiração para este texto veio esta semana quando eu escutava novamente o álbum The Art of Failure, da Eu Me Tornei O Sol, e lá consta o maravilhoso cover black metal (!!!) para Killing Me Softly With His Song, imortalizado na voz de Roberta Flack.  

>> Resenha: "The Art of Failure" - Eu Me Tornei O Sol

>> Soundhouse_BR Entrevista: Marcelo Collar (Eu Me Tornei O Sol)

>> Ouça o cover de Killing Me Softly With His Song aqui

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Get Lucky - Halestorm

Lançado em 2013 pelo duo francês mascarado de house music Daft Punk, Get Lucky foi sucesso em todo o globo alcançando 1° lugar em diversos países. Contendo a participação de Pharrell Williams e Nile Rodgers, a música ganhou inúmeras versões desde que foi lançada. Nessa leva, os americanos do Halestorm fizeram um cover para lá de interessante no Reanimate 2.0: the Covers EP

Maniac - Firewind

Uma das músicas mais icônicas produzidas para o cinema, Maniac segue embalando academias e aulas de dança até hoje. Escrita por Dennis Matkosky e Michael Sembello para o filme Flashdance - Em Ritmo do Embalode 1983. Apesar da trilha ser mais "famosa" que o filme, na época do lançamento foi ao contrário. O sucesso do longa (que alcançou a terceira maior bilheteria daquele ano) impulsionou a música, que ganhou um clipe e foi exibida exaustivamente na MTV. A banda de power metal grega Firewind gravou um cover desta faixa no álbum The Premonitionde 2008. 

Lay All Your Love On Me - Helloween

O suecos do ABBA dispensam comentários (não à toa são os únicos a aparecerem três vezes neste texto). Maior sucesso comercial da indústria fonográfica entre meados dos anos 1970 e início dos anos 1980, o ABBA era uma máquina de hits do chamado pop disco. Em 1981 lançaram Lay All Your Love On Me, que se tornou o single mais vendido da história nos charts britânicos. Em 1999, no álbum Metal Jukebox, o Helloween aplicou todas as suas características neste hit dos suecos.  

Thriller - A Metal Tribute to Michael Jackson

Idealizado pela Cleopatra Records e lançado em 2013, Thriller - A Metal Tribute to Michael Jackson, fez jus ao Rei do Pop. Reunindo um seleto time de estrelas do metal como Chuck Billy, Bruce Kulick, Phil Campbell e Paul Di'Anno, o tributo entregou o que prometeu: versões bem pesadas para clássicos absolutos do pop. Apesar de trazer aqui o álbum como um todo, não tem como não destacar o lendário cover/clipe para Smooth Criminal (lotado de referências à obra de Michael Jacksonproduzido pelo Alien Aint Farm - originalmente gravado em 2001 e regravado para disco. Histórico. 

Girls Just Want To Have Fun - Mägo de Oz

Quando Cindy Lauper cantou lá em 1983 que "meninas só querem se divertir", ela (talvez não) sabia que a faixa iria se tornar um hino do movimento feminista. Orginalmente escrita em 1979 por Robert Hazard, a versão de Lauper sofreu alterações na letra e tomou de assalto as rádios mundo afora. O videoclipe, um clássico da cafonice usual dos anos 1980, foi laureado com um VMA em 1984 e recebeu uma indicação ao Grammy no ano seguinte. No single Que El Viento Sople A Tu Favor (2010), os espanhóis do Mägo de Oz, além de um cover para Gimme! Gimme! Gimme!, do ABBA, apresentaram uma versão folk com direito a flautas e muito power metal para Girls Just Want To Have Fun. Os vocais foram assumidos por Patricia Tapia, que integra a banda como backing vocals.

N.R.: Menção honrosa ao Massacration que, numa dessas festas dedicadas aos anos 1980, também executaram um cover bem legal para esta música. Assista aqui.

The Winner Takes It All - At Vance 

Campeão de citações neste texto, o ABBA é, sem dúvidas, um dos maiores fenômenos musicais dos anos 1970 e 1980. Formada por casais, um deles viu o matrimônio ruir em meio ao sucesso no fim da década de 1970. Björn Ulvaeus e Agnetha Fältskog se divorciaram em 1978, e a dor de cotovelo de Björn foi capaz de gestar uma das músicas mais melancólicas já escritas na história. The Winner Takes It All foi o segundo single escolhido para promover o álbum Super Trouper (1980) - o primeiro foi Lay All Your Love On Me. A repercussão com a música mostrando a verdade nua e crua do ABBA rendeu ao disco um recorde de 2 milhões de cópias vendidas só na pré-venda. Alheio à melancolia e aos divórcios envolvendo os suecos, os alemãs do At Vance mandaram bem demais uma versão bem dramática deste clássico. A faixa pode ser conferida no álbum Dragonchaser (2001).  

Oops!... I Did It Again! - Children of Bodom 

Quando Alexi Laiho e seus comparsas finlandeses do Children of Bodom anunciaram este cover lá em 2005, alguns headbangers quase arrancaram as calças pelas cabeças. Onde já se viu uma banda de death metal melódico fazendo cover da princesinha do pop Britney Spears? Mas os caras não só fizeram (lançado como bônus na versão japonesa do álbum Are You Dead Yet?) como tocaram a música ao vivo em algumas apresentações. Os radicais que lutem. A versão original foi lançada em 2000 e, claro, virou mais um hit da cantora norte-americana. 

Wuthering Heights - Angra 

Lançado em 1987, Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes) é uma obra ímpar na literatura inglesa. Escrito pela britânica Emily Brontë, o livro não foi bem visto pelos leitores lá no século XIX. Somente com o passar dos anos e tendo inúmeras adaptações para o cinema e para a TV, é que o romance recebeu o merecido reconhecimento. Em 1978, a artista britânica Kate Bush resolveu musicar as amarguras amorosas de Heathcliff e Catherine Earnshaw em uma música que leva o nome do livro. O single alcançou o primeiro lugar nos charts e é o maior sucesso comercial da cantora. O livro e a música fizeram tanto sucesso que cruzaram o Atlântico rumo ao Brasil. Assim, uma banda recém formada de metal melódico resolver fazer a sua versão meio speed metal da canção. Esta versão figurou na track list da demo Reaching Horizonsdo Angra. Em 1993, no debut Angels Cry, a banda repaginou a música (aproximando-a da original) e esta se tornou a versão definitiva do Angra para Wuthering Heights

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