Review: "Devilish" - Torture Squad

Após um longo hiato de seis anos sem lançar um trabalho de estúdio - durante esse período foram disponibilizados EPs, boxed set, coletânea, singles e dois registros ao vivo -, o Torture Squad retorna Devilish. Nono full-length da banda paulistana, o disco marca o início de uma promissora parceria com a gravadora italiana Time to Kill Records. No mercado nacional, o disco será distribuído pela Sound City Records e Valhall Music

Sob a liderança dos baluartes Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria), a banda encontrou em Rene Simionato (guitarra) e Mayara "Undead" Puertas (vocal) as peças que faltavam para a engrenagem se completar. Apesar de não ser uma formação recente (estão juntos desde 2015), este é apenas o segundo álbum de estúdio produzido pelo quarteto.

Foto: Divulgação 

Tanto Rene quanto May trouxeram um novo ânimo ao Squad, permitindo à banda explorar novos horizontes. É claro que o carro-chefe continua sendo o death/thrash altamente técnico e brutal que marcou os 30 anos de trajetória do quarteto. No entanto, em Devilish, essa sonoridade extrema foi enriquecida com elementos que tornam o trabalho diversificado.

Essa abordagem é notável já na abertura com Hell is Coming. A faixa começa com influências da música árabe e logo evolui para uma porrada direta no pé da orelha - com especial destaque para o belo timbre da guitarra de Rene. A música se desenvolve de maneira brutal, com algumas passagens que lembram as bandas de black metal sinfônico. Além disso, há um trecho com vocalises e violão, que, inicialmente, parecia fora de contexto, mas que com o tempo se integra de forma harmoniosa com a dinâmica da canção. 

Apresentando suas credenciais sem firulas, a banda retorna às raízes nas duas faixas seguintes: Flukeman e Buried Alive, esta última contando com a luxuosa participação de Andreas Kisser (Sepultura). Ambas reúnem as características essenciais para que, se executadas ao vivo, transformem a pista em um verdadeiro liquidificador humano. Em seguida, Warrior, uma homenagem ao lutador de jiu-jitsu Rickson Gracie, traz um estilo rock'n'roll à la AC/DC extremamente divertido.

Outra faixa que merece destaque é Uatamã - com participações de Suzane Hecate (Miasthenia), Victor Rodrigues (Tribal Scream) e João Luiz (Golpe de Estado). Rica em ritmos tribais e entrelaçada com discursos do líder indígena Raoni Metuktire, a música é um apelo à proteção e preservação da Amazônia e dos povos originários que nela habitam. Lançada como primeiro single de trabalho de Devilish, Mabus é, para mim, a melhor do álbum. A música transita entre o thrash, o death e até o black de maneira fluida e sem atropelos, soando coesa do início ao fim. 

Dentro do contexto das "novidades", Find My Way é uma bela surpresa. Talvez uma galera torça no nariz para esta sombria e introspectiva balada, mas ela é uma interessante saída da zona de conforto. O mesmo vale para Gaia, uma bela passagem acústica que prepara o terreno para o capítulo final intitulado A Farewell To Mankind, uma obra digna de carregar o selo Torture Squad de qualidade.

Devilish não é somente mais um álbum na discografia do Torture Squad. Sempre fiel às origens e com muito respeito aos admiradores, a banda permanece firme no seu propósito que é fazer música extrema. No entanto, sem querer se acomodar, os paulistanos exploram novos horizontes, projetam o futuro e dão o primeiro passo rumo à conquista de uma nova geração de fãs.

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Delivish será lançado na sexta-feira, 22 de setembro. 

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