O Marduk foi, certamente, uma das primeiras bandas de black metal que eu ouvi na vida. Era início dos anos 2000 e os suecos colhiam os frutos do apocalíptico Panzer Divison Marduk. De lá para cá, a máquina liderada pelo guitarrista Morgan Håkansson lançou uma coleção ímpar de discos até chegarmos a este novo petardo intitulado Memento Mori (via Century Media Records).
Cinco anos se passaram desde o lançamento de Viktoria, último álbum de estúdio da banda. E a espera parece ter valido a pena, já que Memento Mori - e aqui antecipando meu veredito - é um disco apto para figurar entre os clássicos do Marduk. O raw black metal praticado por Håkansson (guitarras), Daniel Rósten (vocal) e Simon Schilling (bateria) é altamente destrutivo.
Foto: Divulgação |
Sempre com temáticas relacionadas a conflitos bélicos, neste novo disco a banda abraçou a morte. Memento Mori é uma expressão em latim que significa algo como "lembre-se que você vai morrer". A ideia por trás da frase levanta uma reflexão sobre início, meio e fim. Nada é eterno.
O álbum abre com a faixa-título, bem na linha caótica da qual o Marduk ficou conhecido, e emenda com Heart Of The Funeral. Na sequência, a impiedosa Blood Of The Funeral soa como um tormento infernal, graças às guitarras de Håkansson e aos rosnados brutais de Rósten. Para mim uma das melhores músicas do disco e uma das melhores na história da banda.
Lançada como single, Shovel Beats Spectre apresenta um Marduk mais cadenciado, porém não menos apocalíptico e mórbido. A faixa seguinte, Charlatan, aposta em mudanças de andamento e tem como destaque as ótimas linhas de baixo - apesar da mixagem ter feito o som ficar quase inaudível - executadas pelo convidado Devo Andersson. Já Coffin Carol, conduzida por blast beats do início ao fim, é um rolo compressor.
Tanto Marching Bones quanto Year Of The Maggot têm como destaque o baterista Schilling. Aqui, o cara chama para si todo o brilho das faixas em trabalhos exuberantes atrás do kit. Enquanto a primeira é um black metal cru e caótico - e que em alguns trechos lembra o refrão de Deathcrush do Mayhem -, a segunda se desenha em alternâncias de andamentos que mostram toda a versatilidade do baterista.
>> Sound Classic: "Deathcrush" - Mayhem
O Marduk aniquilador e extremamente agressivo aparece na faixa Red Tree Of Blood que, sem nenhum exagero, poderia figurar na tracklist do incontestável clássico Panzer Divison. A missão de fechar o álbum fica com a lúgubre As We Are. Explorando uma sonoridade mais melancólica para os padrões dos suecos, a música ainda traz a participação do falecido L-G Petrov (Morbid, Entombed, etc).
Memento Mori é um disco tão bom que, além de todas as vezes que escutei no dia do lançamento, o álbum rodou quatro vezes seguidas enquanto eu escrevia esta resenha. E, para a alegria de todos, o Marduk vem ao Brasil apresentar estas e outras faixas em um show único em São Paulo, no Vip Station, no dia 29 de outubro.
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