Review: "Jailbreak" - Nervosa

Pode soar clichê, mas resiliência é a palavra que define os últimos anos da Nervosa e da guitarrista Prika Amaral. Em 2020, durante o caos imposto pela pandemia, Fernanda Lira e Luana Dametto deixaram a banda para formar a Crypta. Após o baque, a guitarrista juntou os cacos, remontou a Nervosa e lançou o ótimo Perpertual Chaos. No entanto, essa nova fase durou pouco, e Prika se viu no desafio de novamente reestruturar a banda. E esta nova encarnação da Nervosa pode ser conferida em Jailbreak (via Napalm Records/Shinigami Records). 

Logo de cara, o que chamou a atenção na nova formação da Nervosa foi a decisão de Prika Amaral em assumir também o papel de vocalista. Para completar o line-up, Prika trouxe a guitarrista Helena Kotina, a baixista Hel Pyre e a baterista Michaela Naydenova. E para gerir um timaço desse, o produtor Martin Furia foi o escolhido para pôr em prática as ideias da banda. 

Foto: Divulgação 

Quando Endless Ambition foi lançada como single, todos ficaram impressionados com a brutalidade da faixa e a performance soberba de Prika no papel de vocalista. Ficou evidente que a banda estava deixando de lado os elementos do death metal presentes nos trabalhos anteriores para se concentrar exclusivamente no thrash. Nesse contexto, músicas como Suffocare e Ungratful são impulsionadas por riffs poderosos, sustentados por uma base sólida e robusta.

Falo com tranquilidade: Jailbreak é uma das músicas mais legais que escutei em 2023. Composta numa dobradinha de Kotina com Prika, a música fala sobre motos e a sensação de liberdade que o vento no rosto traz. Com uma pegada mais melódica nas guitarras (é a primeira vez que a Nervosa trabalha com duas), essa faixa tem potencial para promover imensas rodas durante o show e ter o refrão de fácil assimilação entoado a plenos pulmões. 

Os urros de Prika no início de Behind the Wall arrepiam até os pelos da nuca! Kill or Die é um thrash clássico que, com maestria, prepara o terreno para a participação especial de Gary Holt (Exodus) na visceral When the Truth is a Lie. Considerado um dos maiores riffmakers da história do metal, Holt desfila com a reconhecida elegância nas seis cordas. Quem também participa do álbum é a vocalista Lena Scissorhands (Death Dealer Union), que empresta sua voz à incrível Superstation Failed.

O álbum caminha para o encerramento com a trinca Gates to the Fall, Elements of Sin (que também saiu como single) e Nail the Coffin, sendo essas duas últimas verdadeiras pedradas. 

Jailbreak é um manifesto de resiliência, talento e determinação da Nervosa. A trajetória marcada por desafios, superações e mudanças faz com que a banda siga em frente rompendo os limites do thrash metal. E é o amor de Prika Amaral pela Nervosa que mantém essa chama viva.