O Farscape é uma espécie de entidade do thrash metal nacional. Sendo um dos principais expoentes dentre as bandas que deram um novo fôlego ao estilo no início dos anos 2000, o quarteto carioca ficou uma década sem apresentar aos fãs um trabalho de estúdio. E esse período foi interrompido com o lançamento de Purged and Forgotten (via Dying Victims Productions), marcando um retorno tão aguardado pelos thrashbangers.
Ao escutar o álbum pela primeira vez, fica evidente que o Farscape está totalmente comprometido com a nostalgia. Purged and Forgotten parece ter emergido diretamente da década de 1980. Tanto a produção quanto a sonoridade remetem ao auge do estilo, em especial à cena do thrash metal alemão. É um disco para ser consumido única e exclusivamente em vinil.
Outro chamariz aqui é a banda ter ligado o fod*-se e experimentado um monte de "maluquices". Se para uns isso pode soar como uma aventura sem rumo, para mim é o que dá ao disco um caráter especial. Por mais que não sejam experimentos convencionais - como as guitarras flertando com o jazz/blues em Miss Violance ou as linhas vocais meio punk rock anos 1990 no começo de Backing from the Hole -, isto mostra que o Farscape não teve medo de arriscar.
No entanto, é claro que o thrash metal puro e visceral está presente em Purged and Forgotten. Faixas como Leucotomy, The Last Solstice e Captivity of Souls chegam como uma voadora muito bem dada no peito. Porradaria e quebradeira do primeiro ao último minuto sem firulas, como manda o figurino. Por fim, vale uma conferida com muita atenção na pretenciosa Vengeance of the Forgotten, um épico que beira os 10 minutos de duração recheado de variações rítmicas.
O Farscape retorna honrando sua essência e tradição. O longo hiato que antecedeu o lançamento de Purged and Forgotten serviu apenas para aumentar a sede dos fãs, que agora podem se deliciar com a autêntica brutalidade do thrash metal.
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