Com imensa satisfação recebi, através da Reverbera Music, o novo álbum ao vivo do Torture Squad. Captado em julho deste ano no badalado antro de música La Iglesia, em São Paulo, o trabalho recebeu o formidável título de Tortura En La Iglesia En Vivo. Com produção assinada pela própria banda e mixagem feita pelo guitarrista Rene Simionato, o disco chega às plataformas de streaming nesta quinta-feira (24).
Passeando por toda a história da banda, Tortura En La Iglesia En Vivo privilegia a discografia do Torture Squad com pelo menos uma faixa de cada álbum - e de certa forma quase que distribuídas em ordem cronológica. Então, pelo menos neste quesito, o fã não pode reclamar que alguma música do álbum A ou B ficou de fora. Setlist muito equilibrado e para todos os gostos.
Não é novidade para ninguém o quão técnico o Torture é - seja ao vivo ou em estúdio. Mas é nítido que a entrada de May Undead (vocal) e de Rene Simionato (guitarra) renovou o fôlego do Esquadrão. E hoje, com seis anos da "nova" formação e com o suporte da "cozinha" formada pelos lendários Castor (baixo) e Amílcar Christófaro (bateria), não é exagero afirmar que o Torture Squad vive o auge técnico.
Isto fica evidente logo na abertura com Torture Till Die, do debut Shivering (1998). Instrumental, a faixa ratifica a sonoridade do Esquadrão: death/thrash técnico com variações de andamento e muita brutalidade. Com pouco mais de dois minutos de duração, Convulsion abre caminho para a impiedosa The Unholy Spell fazer qualquer um bater cabeça sem se preocupar com o pescoço.
O moedor de carne segue a todo vapor com Horror And Torture, que é precedida por vários gritos de "Vai, Corinthians!" vindos do plateia. Longe de mim querer fazer gracinha, mas na noite da gravação do disco o Timão foi derrotado por 3 a 1 pelo Ceará lá na Arena Castelão. Pode acontecer.
Os outros destaques desta hecatombe sonora são Living For The Kill, No Escape From Hell, Possessed By Horror, Return Of Evil, Raise Your Horns e o épico Blood Sacrifice encerrando a apresentação. Como bônus, a banda incluiu a brutalíssima The Fallen Ones - os berros da May logo no início beiram o black metal. Ótima faixa.
...
Trivia: Sempre conto com muito orgulho sobre o show do Torture Squad que fui e não vi. Não lembro o ano, mas era na promoção do álbum Pandemonium - então estamos falando de algo entre 2003 e 2005. O evento era o Tomarock, que hoje virou um dos maiores eventos/produtora aqui do Rio de Janeiro. Lembro-me que uma das bandas de abertura era o Repugnant Gore, uma das inúmeras bandas da folclórica cena de Duque de Caxias. Pois bem. O alvoroço tomou conta do Barracão Show Beer. Não estávamos acostumados com profissionalismo, então muita gente reclamou da "demora" do staff em ajustar o som e liberar o palco para a banda.
Tudo pronto e o Torture Squad sobe ao palco para delírio da Baixada Fluminense. Tenho na minha memória que a banda tocou duas músicas quando, do nada, o pau cantou na plateia. Uma porradaria que eu nunca tinha visto antes. Parecia treta entre bangers de bairro diferente. A polícia baixou lá no local e o show foi interrompido. Com os ânimos mais controlados, o dono da casa subiu no palco e deu um sonoro esporro na galera com palavras que não precisam ser reproduzidas.
Como punição pelo mau comportamento do público, a banda foi obrigada a encerrar o show - mas ganhou o direito de tocar mais uma (ou duas, três) música antes de sair do palco. E assim foi meu primeiro contato ao vivo com o Torture Squad.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário!