Antes de discorrer sobre Ømni Live, usarei estas primeiras linhas para um mea-culpa. Por diversas vezes desejei que o Angra encerrasse suas atividades. Os argumentos eram os piores possíveis e sempre indo na linha do "antigamente era melhor".
Falei isso quando o Aqua (2010) foi lançado e reforcei ainda mais quando saiu o ao vivo comemorativo do Angels Cry sem um dos principais responsáveis pelo disco. Adoro o Fabio Lione pelo trabalho no Rhapsody, mas para mim não era para ele estar ali.
Veio o Secret Garden (2014) e continuei indiferente às atividades do Angra. O jogo virou após a apresentação histórica no Rock in Rio 2015, que apagou a péssima impressão deixada na edição realizada em 2011. Reacendi o interesse, tratei de ouvir sem pré-julgamentos o Aurora Consurgens (2006) e os já citados Aqua e Secret Garden.
Chegamos, então, ao Ømni (2019). Bem recebido pelo público e pela crítica - incluindo este que vos fala -, o disco consolidou a nova fase do Angra que agora conta com os pilares Rafael Bittencourt (guitarra/vocais) e Felipe Andreoli (baixo); o novato Marcelo Barbosa (guitarra), o não tão novato Bruno Valverde (bateria) e o efetivadíssimo Fabio Lione (vocal).
E para firmar ainda mais o bom momento com o disco, o quinteto disponibilizou Ømni Live. Tanto que o foco da track list, composto por 15 faixas, gira entorno de todo o material novo do Angra - apenas três músicas são da fase Andre Matos e Edu Falaschi.
Tecnicamente o Angra nunca deixou a desejar, mas aqui o caso vai além da técnica. Tem muito tesão em Ømni Live. A banda está afiadíssima, comendo as músicas com farinha em uma execução impecável. Soma-se a isto a surpreendente participação da cantora Sandy e da Família Lima, e temos um disco muito bom!
Não posso concluir este texto sem deixar meus cumprimentos ao Rafael Bittencourt que, junto com Felipe Andreoli, não deixou que o Angra se tornasse uma banda que vive apenas do passado glorioso. Empenho, dedicação, tesão e sempre olhando para frente. Este é o Angra!
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