Review: "Daemonic Rites" - Mayhem

O ano de 2019 ainda rende frutos para o Mayhem. Naquela época, a banda lançou o álbum Daemon e se preparava para espalhar o caos pelo mundo. No entanto, ninguém poderia imaginar que uma pandemia cancelaria todo e qualquer plano de divulgação do trabalhoDurante essa pausa, os noruegueses lançaram o interessante EP Atavistic Black Disorder/Kommando. Com a crise sanitária arrefecendo, os shows e as polêmicas voltaram, e as músicas de Daemon finalmente viram a luz do dia. Agora, o Mayhem encerra este ciclo com o disco ao vivo Daemonic Rites (via Century Media Records/Black Metal Store). 

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Preste a celebrar 40 anos de atividade, a banda formada por Attila (vocal), Ghul e Teloch (guitarras), Necrobutcher (baixo) e Hellhammer (bateria) revisita quase toda a discografia em Daemonic Rites. E por que "quase"? Dos seis fulls lançados pelo Mayhem durante essas quatro décadas, apenas o discutível Ordo ad Chao (2007) e o exótico Esoteric Warfare (2014) não foram contemplados na setlist

Seguindo uma pratica comum nos dias de hoje para discos ao vivo, Daemonic Rites foi gravado em diversas cidades ao redor do mundo. São 17 faixas que, observadas com atenção, contam a história do Mayhem em uma cronologia decrescente. A primeira parte combina faixas dos discos Daemon, GranDeclaration of War (2000), Chimera (2004) e do EP Wolf's Lair Abyss (1997). Embora não apresentem o mesmo brilho de músicas mais antigas, Falsified and Hated, Bad BloodMy Death e Symbols of Bloodsword soam como verdadeiras sinfonias em direção às trevas. 

Mas é a partir da segunda metade que o disco fica bom. O (vamos chamar assim) "Bloco De Mysteriis Dom Sathanas", composto por Freezing Moon, Pagan Fears, Life Eternal e Buried by Time anDust, exemplifica por que o Mayhem ocupa o lugar que tem na cena black metal. Clássicos inquestionáveis do estilo, as músicas emanam toda a áurea sombria desta horda norueguesa. Só senti falta da faixa-título e de Funeral Fog.

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O ritmo marcial e perturbador dos tambores sintetizados por Conrad Schnitzler em Silvester Anfang sinaliza que os portões do Inferno foram abertos. Umas das músicas mais profanas da era primitiva do Mayhem, Deathcrush inicia o espetáculo macabro e prepara o terreno para outras faixas igualmente obscuras, como Chainsaw Gutsfuck Carnage. O hino atemporal Pure Fucking Armageddon coloca um ponto final nesta apresentação infame. 

Em um ciclo que se encerra com Daemonic Rites, a banda não apenas revisita seu legado, mas também mostra que a estrada em direção ao horror está longe do fim. Que o Mayhem continue a nos guiar através das sombras, iluminando os recantos mais obscuros do metal extremo. Prepare-se para o próximo ritual!

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