A Vocifer, mesmo na sua primeira década de existência, está no caminho certo rumo ao topo da cena metal. Após a excelente recepção do álbum de estreia, Bouina (2020), a banda apresenta a nova obra-prima, intitulada Jurupary. Sem exageros, este álbum do quinteto tocantinense é um dos melhores lançamentos nacionais deste ano de 2023.
Desde a impressionante capa assinada por Wendell Araújo até a produção impecável de Thiago Bianchi (que também participa do disco), Jurupary chega aos nossos ouvidos com o selo premium de qualidade. Além disso, a Vocifer reuniu um grupo seleto de convidados, incluindo Luis Mariutti, Daísa Munhoz, Daniel Mazza, Fábio Laguna e Tambores do Tocantins, para enriquecer ainda mais o álbum.
Carregando a bandeira da cultura amazônica desde a formação, a Vocifer aborda em Jurupary a lenda de um dos personagens mais controversos de nosso folclore - e que dá nome ao disco. Inspirada nos relatos coletados pelo folclorista e explorador Ermanno Stradelli, a banda adaptou a história e traçou paralelos com questões cruciais para a humanidade nos dias atuais.
Em termos musicais... bem, é difícil encontrar palavras para descrever o disco. Eu poderia resumi-lo em uma frase: o álbum é simplesmente maravilhoso. Do início ao fim, todas as músicas são perfeitas. Há uma fartura de power metal de alta qualidade, como nas faixas The Voice of the Light e Bridges to the Stars, elementos progressivos em Life e um metal mais direto em To Be Alive.
No entanto, o grande destaque para mim é a faixa We Are. Com muito suingue e repleta de referências regionais, a música transmite uma energia eu que só havia sentido no álbum Holy Land do Angra. Além disso, destaco toda a performance da banda, composta por João Noleto (vocal), Pedro Scheid e Gustavo Oliveira (guitarras), Lucas Lago (baixo) e Alex Cristopher (bateria), ao longo da faixa. É simplesmente incrível!
Não resta dúvida de que a Vocifer é uma das mais promissoras e notáveis bandas do País, e Jurupary é um testemunho inegável de seu potencial. E espero, do fundo do meu coração, que este álbum ganhe o mundo. A Vocifer merece.
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SOBRE A LENDA DE JURUPARI
Conta-se que a indígena Ceuci comeu o mapati, uma fruta proibida para mulheres quando se encontravam no período fértil. O suco da fruta escorreu pelo seu corpo até suas partes íntimas e assim foi concebido um menino. Como punição, Ceuci foi expulsa da aldeia. Na realidade, o pai da criança era o próprio Sol, conhecido entre os indígenas como Guaraci. Quando chegou a hora do nascimento, seu filho revelou ser uma criatura sabia que viria ao mundo trazer novos costumes e leis para os homens, assim como a dança e a música. Este menino era Jurupari.
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