Review: "Bestial Devastation/Morbid Visions" - Cavalera

O que torna um disco clássico? As respostas para essa pergunta nada simples são infinitas. No entanto, há um consenso de que quanto mais atemporal um álbum se torna, mais clássico ele é. Resistir à prova do tempo conta muito mais do que as qualidades técnicas e composições apresentadas no disco. Este é o caso do já amplamente decantado Bestial Devastation/Morbid Visions do Sepultura, que influenciou uma gama sem fim de bandas e hoje é celebrado em uma regravação histórica pelos irmãos Cavalera.

Lançado originalmente entre 1985 e 1986, Bestial Devastation/Morbid Visions foi um divisor de águas para o metal no Brasil. Os irmãos Max e Iggor, acompanhados por Paulo Jr. e Jairo Guedz, chocaram com uma agressividade incomum até então. O disco em si é podre, com produção pobre e composições que, apesar de assustarem, não eram nenhum bicho de sete cabeças. Contudo, a "inocência" com que o trabalho foi feito, somada à verdade e ao empenho dos envolvidos, transformou os discos nos clássicos que eles são hoje.

A história da banda é conhecida de cabo a rabo por todos os amantes de metal. As "tretas" entre Max e o núcleo central do Sepultura (Paulo e Andreas) estão longe do fim. Pensar em uma reunião para celebrar o quadragésimo aniversário do disco parece algo fora de cogitação - apesar de muita coisa poder acontecer nos próximos 2~3 anos. E, antes de mais nada, não sou uma viúva do Sepultura antigo.

Sem mais delongas, vamos aos discos. Bestial Devastation/Morbid Visions (via Nuclear Blast) foi regravado no The Platinum Underground (Phoenix, Arizona, EUA) com produção dos irmãos Cavalera. E se nos anos 1980 as capas já eram assustadoras, as versões 'modernas' assinadas por Eliran Kantor são ainda mais brutais! Vale destacar que Igor Amadeus Cavalera (filho de Max) ficou encarregado do baixo e Daniel Gonzales (Possessed) tocou os solos. 

A abertura de Morbid Visions com a faixa-título é para deixar o headbanger de queixo caído! É como se a porta do Inferno fosse aberta diante dos nossos olhos e a música fosse a trilha sonora para que Satanás se deleite com nossa carne em chamas. Brutal! E assim, nessa pegada, o disco evolui para os clássicos atemporais como Mayhem, Troops of Doom e War. O disco conta ainda com a inédita Burn the Dead.

Bestial Devastation, lançado originalmente no clássico split album com o Overdose, mostra-se um EP essencialmente podre - a bateria tétrica em Antichrist está lá - mesmo com a roupagem nova. Fica notório o upgrade em relação à qualidade sonora na gravação. Os fãs da fase antiga (AQUELES) podem reclamar de tanta qualidade, afinal, a "graça" do disco lá atrás era a podreira, a sujeira. Mas eu lhes digo: a podridão continua. Só que é uma podridão moderna. Isso servirá para trazer novos admiradores, porque tem muita gente que ignorava os discos por conta da "ruindade"...

Bestial Devastation/Morbid Visions divide opiniões até hoje por conta de toda a precariedade que os envolve. Apesar do som cru e da produção desorganizada na época, esses lançamentos se tornaram um marco na história do metal nacional estabelecendo o Sepultura como uma das principais bandas do gênero. E aqui, nesse autotributo, os irmãos Cavalera dão um novo fôlego a esses clássicos do metal mundial.

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Bestial Devastation e Morbid Visions serão lançados nesta sexta-feira (14) pela gravadora alemã Nuclear Blast. Não haverá lançamento em formato físico no Brasil.

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Dedico este texto à Vania Cavalera, mãe de Max e Iggor, que nos deixou no dia 5 de julho. Sem ela, nem os Cavalera, nem o Sepultura, nem eu e nem você estaríamos aqui. Descanse em paz.  

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