Review: "Cosmic Redemption" - Noturnall

Uma das maiores satisfações que eu tenho nessa vida é reconhecer o quão errado eu estava com um pré-julgamento. Nunca fui um entusiasta do Noturnall e sempre ouvi os discos da banda com um pé atrás. Agora, mais maduro e ciente do meu trabalho, me despi desses pré-julgamentos e peguei o novo Cosmic Redemption para escuta-lo com a atenção que um trabalho deste tamanho merece. E o que eu achei? Bem...

Surgido das cinzas de uma segunda - e estranha - encarnação do Shaman, o Noturnall traz no seu line-up músicos de extrema qualidade. Com tanto talento junto, qualidade é uma coisa que nunca faltou nos álbuns da banda. Além do novo Cosmic RedemptionNoturnall (2014), Back to Fuck You Up! (2015), 9 (2017), Made in Russia (2020) completam a discografia. 

Composto por 10 faixas, tendo a produção assinada pelo vocalista Thiago Bianchi e com uma profusão de convidados - que vai de Mike Portnoy e David Ellefson a Ney Matogrosso -, Cosmic Redemption coleciona momentos gloriosos. O primor técnico das composições somado ao feeling empregado por cada músico em seu instrumento - Saulo Xakol (baixo), Henrique Pucci (bateria) e Mike Orlando (guitarra) completam a formação - fazem o disco soar vibrante e moderno sem a necessidade de se escorar nos clichês do power metal

Um exemplo desta vibração moderna é a acessível faixa de abertura Try Harder. Atrelando riffs pesados à melodias mais contemporâneas, a música cumpre bem a função de abrir os trabalhos. O negócio esquenta legal em Reset The Game, um power metal clássico com guitarras fritando na velocidade da luz e um refrão para lá de emocionante. E eu sei que ainda estamos no início do quinto mês de 2023, mas Shallow Grave é fortíssima candidata à Música do Ano. Aqui, o destaque é a bateria alucinante de Pucci ao longo da faixa. 

A faixa-título é outro power metal clássico que, mais uma vez, acerta em cheio ao não abusar dos clichês do estilo. Chegamos, então, na brutal (sim!) e sombria Scream! For!! Me!!!, com destaque para as linhas de bateria executadas por Portnoy e os vocais quase que guturais de Bianchi em alguns momentos. Particularmente acho incrível quando bandas de metal trazem artistas consagrados da MPB para seus discos. A participação de Ney Matogrosso em O tempo não para, imortalizada na voz de Cazuza, é um dos pontos altos do disco. 

Take Control - que traz Ellefson no baixo - tem, em alguns momentos, um arzinho dos trabalhos recentes do baixista junto ao Megadeth, sua ex-banda. O disco encerra com The Great Filter e o destaque fica por conta do fantástico trabalho instrumental cheio de feeling e técnica na metade final da música. 

Originalmente lançado em CD físico no início do ano e agora disponível nas plataformas digitais, este é um álbum que vai muito além da mesmice habitual apresentada por bandas que transitam por esse estilo. Recheado de músicas fortes e perfeitamente executadas, o Noturnall apresenta aqui em Cosmic Redemption o seu melhor trabalho. 

Comentários