Após a impactante estreia com o ótimo A Sombra que me acompanhava era a mesma do Diabo (2020), o Sangue de Bode volta mais perverso, mais black metal e mais extremo do que nunca no novo Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz (via Xaninho Discos e Equivokke Records).
Se no debut o quarteto do Rio de Janeiro já havia chamado atenção pelo metal extremo e letras diretas, incisivas e sem nenhum tipo de filtro, a banda deu um passo além neste novo álbum. Em termos de som, o Sangue de Bode se aproximou mais do black metal, mas sem abrir mão do experimentalismo que caracteriza sua música.
Este experimentalismo, aliás, é que torna o som tão interessante e não monótono. Tudo é minuciosamente encaixado em um contexto e sem excessos. Os riffs são o mais insanos e dilacerantes possíveis e Verme aumentou ainda mais o nível de agonia e sofrimento em seus vocais.
Direto e reto na hora de transmitir sua mensagem, o Sangue de Bode não faz concessões ao expor todo o lado apodrecido e esquizofrênico da sociedade como um todo. A falta de perspectiva é evidente em trechos como: "Positividade, enfia no teu rabo", que abre a faixa O Homem que Virou um Cadáver.
A morbidez e o tormento são explorados de forma nada sutil nas excepcionais Deus Subterrâneo; Dez Furos na Cabeça; Ando Esquisito e Meio Doente; A Seiva, o Sangue e o Ruído; O Ruído; Servo das Tênias; Tua Casa é a Fossa; Instrumento de Mensagens Estranhas; A Última Noite Ainda Vivo e Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz.
Denso, frio, sombrio e doentio, Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz mostra que o Sangue de Bode tem muito o que falar sobre nossa sociedade e realidade abjeta, asquerosa e desordenada com sua música necessariamente extrema.
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