Review: "Iskuros" - Plastique Noir

Na segunda metade da década de 1970 o punk sofria mutações. O estilo que antes era puramente anárquico e marginal ganhou uma nova roupagem estética, passando a ser conhecido como post-punk. Esse mesmo post-punk também passou por mudanças, com o acréscimo de novos elementos (leia-se teclados) dando origem ao gothic rock.  

Apontados como pioneiros no estilo, o Joy Division abriu as portas para que bandas como The Cure, Bauhaus e The Sisters Of Mercy, por exemplo, dessem continuidade e remodelassem o gothic rock para o que posteriormente ficou conhecido como darkwave. E é influenciado por todas estas camadas sonoras que o trio Plastique Noir tem feito sua música. 

Após um longo hiato de sete anos sem um álbum de inéditas, a banda formada por Airton S. (vocal/beats), Danyel Fernandes (guitarra) e Deivyson Teixeira (baixo) emerge das sombras com Iskuros (via Wave Records), quarto trabalho de estúdio do trio cearense formada em 2006. 

O hiato, aliás, fez muito bem à banda. É notório o maior entrosamento entre os músicos. Iskuros soa como uma evolução natural do que foi apresentado em 24 Hours Awake (2015), tanto no que diz respeito à composição quanto à produção e resultado do disco. O que não chega a ser nenhuma novidade, visto que o trio está sempre em busca da perfeição. 

Longe de querer redefinir os arquétipos do estilo no qual está inserido, o Plastique Noir segue fielmente a cartilha: as músicas trazem todo aquele ar dark gothic ora dançante ora melancólico - ora os dois - sempre com o baixo na tarefa de ator principal graças à linhas pulsantes e bem marcantes. 

A dobradinha Kinetosis e Asleep In The Night Rain acentua bem essa dualidade entre o dançante e o melancólico; Times, por sua vez, seria hit radiofônico nos anos 1980. A eletrizante Manifesto condensa o que há de melhor no darkwave em uma canção espetacular; o mesmo acontece com Upper Waves e sua melodia que gruda de imediato. A cristalina e suave All Cats Shall Celebrete tem o mesmo potencial de Times; por fim, Catedrais Em Chamas, cantada em português, fecha o álbum em grandíssimo nível. 

A audição de Iskuros torna-se agradável pelo simples fato de nos dar a sensação de estarmos em uma balada post-punk darkwave em algum clube britânico. É por isso que, não à toa, o Plastique Noir é a banda de gothic rock mais famosa e mais celebrada na atualidade. 


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