Minhas expectativas com um novo trabalho do Vazio eram bem altas. Afinal, em seu álbum de estreia, Eterno Aeon Obscuro (2020), a banda entregou um dos mais impressionantes registros de black metal já produzidos neste País. Agora, com o lançamento de Necrocosmos (via Xaninho Discos/Black Hole Productions/Misanthropic Records/Excarnation Records/Sinfonia de Cães), o Vazio reafirma sua posição de destaque na cena nacional.
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Conforme afirmou o vocalista e guitarrista Renato Gimenez em um comunicado à imprensa, Necrocosmos é um álbum audacioso. Seria simples para a banda - Eric Cavalcante (guitarra/teclado), Nilson Slaughter (baixo) e Daniel Vecchi (bateria) completam a formação - seguir a mesma fórmula do trabalho anterior. No entanto, é notável um refinamento musical neste novo disco.
Foto: Divulgação |
Esse refinamento é evidente em "Escuridão, Seja Minha Guia", faixa de abertura do álbum e primeiro single lançado. Embora o Mayhem seja uma grande referência para o Vazio, há outros elementos mais obscuros e sinistros em sua sonoridade. Um exemplo é "Cerimônia dos Espíritos Primordiais", na qual as linhas de baixo de Slaughter se destacam formidavelmente. Numa pagada mais clássica do black metal, "Oráculo dos Ossos", "As Lágrimas Que Regam os Túmulos" e "Funeral Astral" são verdadeiras hinos aos mortos.
Mas Necrocosmos vai além do black metal e abre espaço para um certo de experimentalismo. Na faixa "O Despertar do Okutá", que conta com as participações de Luís Tykyra, Tata Kixikaringoma e os tambores da Escola Utakizabula, o álbum incorpora influências da quimbanda, resultando em um som ritualístico e ancestral. O mesmo pode ser dito sobre a faixa de encerramento, "Eteuê Eteuá Kotô Shiuá", que conecta a espiritualidade indígena com a sonoridade do Vazio.
Em Necrocosmos, o Vazio não só atendeu como superou minhas expectativas. A audácia presente neste álbum demonstra a busca contínua da banda por inovação e aprimoramento, conferindo ao disco uma tempestade sonora que transcende os limites do black metal convencional.
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