Dando sequência à saga iniciada em Vera Cruz (2021), Edu Falaschi lança Eldorado. Segunda parte da trilogia centrada na história do personagem Jorge, o álbum é uma viagem riquíssima pela América Latina, mais precisamente o México, e pela grandiosidade do Império Asteca no século XVI.
>> Resenha: "Vera Cruz" - Edu Falaschi
Logo de cara é notável a diferença entre Vera Cruz e Eldorado. Enquanto o primeiro disco apostava em um power metal megalomaníaco embebido em exageros, este novo trabalho vai numa linha muito mais sóbria e equilibrada. O virtuosismo e a técnica estão aqui, mas o álbum soa mais orgânico, sem atropelos e com os pés no chão.
Esta mudança na abordagem pode ser conferida na faixa Señores Del Mar (Wield The Sword), com participação de José Andrëa, a eterna voz do Mägo de Oz, no trecho em espanhol. Aqui, Falaschi e seus parceiros de banda - Roberto Barros e Diogo Mafra (guitarras), Raphael Dafras (baixo), Aquiles Priester (bateria) e Fábio Laguna (teclado) completam a formação - mostram que dá para tocar power metal sem ser robótico.
A faixa seguinte, intitulada Sacrifice, explora uma vertente progressiva e se sobressai graças ao ritmo acentuado nas linhas de baixo executadas por Dafras. Esta se destaca pela aposta no feeling em contraposição à mera velocidade. No entanto, os entusiastas dos dedos nervosos encontrarão satisfação em Tenochtitlán. Esta música, que foi lançada como single, reúne todos os elementos que caracterizaram a sonoridade apresentada em Vera Cruz.
O inegável talento de Edu como compositor se evidencia em Eldorado, faixa que dá título ao álbum. Ao fundir as essências do rock progressivo e do metal progressivo, surge uma composição épica de proporções grandiosas, que se estende por cerca de 11 minutos de pura intensidade. Através de andamentos quebrados e intricados, a música se constrói em uma tapeçaria sonora que revela excelentes momentos instrumentais. Em alguns trechos, os teclados habilmente executados por Laguna assumem o papel principal, criando texturas sonoras que se revelam verdadeiramente agradáveis aos nossos ouvidos. Para mim, esta é uma das melhores do disco.
Abrindo a última parte do trabalho, Q'EQU'M é, de longe, uma das faixas mais emotivas do álbum. Cantada em dialeto indígena pela artista guatemalteca Sara Curruchich, a música narra eventos históricos dos povos originários na América Latina. Na sequência, Reign Of Bones soa, apesar de boa, mais do mesmo. Cartilha básica do power metal. O mesmo vale para Wings Of Light, que parece uma versão repaginada de Running Alone do Angra.
Todavia, outros pontos altos do disco são Suddenly e In Sorrow, faixas que apontam para um lado mais emotivo evidenciando o talento de Edu na criação de canções como estas.
Apesar das ressalvas em relação ao caráter megalomaníaco do power metal presente em Vera Cruz, eu gostei do disco. No entanto, a abordagem mais concisa adotada em Eldorado confere ao álbum uma sonoridade mais agradável e facilmente assimilável do que no disco anterior. O ponto crucial reside no equilíbrio entre feeling e o virtuosismo, representando, assim, um caminho que pode ser explorado por Edu Falaschi daqui para frente.
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