Review: "Vera Cruz" - Edu Falaschi

Do inferno à redenção. Assim podemos definir a carreira de Edu Falaschi desde sua saída do Angra, em 2012. A ruptura traumática com a antiga banda somada à problemas nas cordas vocais colocaram em xeque a capacidade do músico. Mas, como uma fênix, ressurgiu das cinzas. E esta redenção se dá em Vera Cruz (via MS Metal Records), seu novo álbum solo.

Antes de chegar até aqui o vocalista lançou, em 2020, o ao vivo Temple of Shadows in Concert. O material, no entanto, não foi disponibilizado oficialmente no mercado nacional por uma falta de acordo com Rafael Bittencourt, membro fundador do Angra e autor da história contada em Temple Of Shadows (2004). Mesmo assim, quem pôde conferir o álbum ficou com a certeza de que Edu ainda tem muito a oferecer na música. 

Quando as primeiras informações sobre Vera Cruz começaram a aparecer, criou-se um hype enorme e muita expectativa. Gravado no lendário estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, o álbum tem a produção de Edu Falaschi e do guitarrista Roberto Barros, além de Thiago Biancchi como co-produtor. A mixagem e masterização ficou a cargo do renomado Dennis Ward. A incrível capa é assinada por Carlos Fides

E todo esse hype não foram em vão. Vera Cruz é, de fato, um grande disco. O álbum soa como uma sequência natural de Temple Of Shadows: um power metal potente, grandioso, épico, com toques de brasilidade e muito, mas muito técnico. Além de Edu e RobertoDiogo Mafra (guitarra), Aquiles Priester (bateria), Raphael Dafras (baixo) e Fabio Laguna (teclado) completam o line-up.

Com o conceito lírico do disco ambientado "entre Brasil e Portugal nos tempos do descobrimento da ilha de Vera Cruz pelos colonizadores lusitanos", a música The Ancestry dá o tom do que encontraremos no decorrer do trabalho. Sea Of Uncertainties tem um refrão empolgante e me lembrou um pouco Angels And Demons, do Angra, devido à sua estrutura. 

Mais longa do disco com quase 10 minutos de duração, Land Ahoy é uma peça única. Um épico cheio de dramaticidade carregado de belíssimas melodias e harmonias acústicas ricas em brasilidade, e passagens que fazem referências à tribos indígenas. Uma viagem por diferentes sonoridades que a tornam uma das melhores do disco. 

A grande cereja no bolo de Vera Cruz está no final do disco. Tendo Max Cavalera (Soulfly, ex-Sepultura) como convidado, Edu detona tudo na magistral Face Of The Storm. E como após a tempestade vem a calmaria, Rainha do Luar fecha com chave de ouro o álbum. A icônica Elba Ramalho empresta sua voz para o belíssimo dueto (português e inglês) com Falaschi

Um dos discos mais aguardados deste primeiro semestre, Vera Cruz mostra um Edu Falaschi revigorado, mordido e com sangue nos olhos. E quem ganha com isso são os fãs. Discaço! 

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