Em julho de 1914, o arquiduque do Império Austro-Húngaro Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia foram assinados a tiros nas ruas de Sarajevo pelo rebelde nacionalista bósnio Gavrilo Princip. O evento é apontado como o estopim para a I Guerra Mundial, conflito abordado pelo Sabaton em The War To End All Wars (via Nuclear Blast Records/Shinigami Records).
The War To End All Wars pode ser visto como uma continuidade do álbum The Great War (2019), lançado pelo Sabaton celebrando centenário do fim do conflito. Pela abundância das histórias, não vou me surpreender - já pensando no futuro - se o próximo trabalho abordar o mesmo tema. Vou reclamar? Jamais!
Até então o maior conflito em escala global do século XX, a I Guerra Mundial, ou a Grande Guerra, era visto, também, como o último confronto dessa magnitude no mundo. Acreditava-se que esta seria a "guerra que encerraria todas as guerras" - daí o título do álbum. Ledo engano, porque duas décadas depois a II Guerra Mundial eclodiu, logo em seguida tivemos a Guerra Fria e outras guerras notáveis como no Vietnã, Bósnia, Iraque, Síria, Afeganistão e a mais recente na Ucrânia.
Deixando um pouco a geopolítica de lado e focando na música, vamos falar sobre o disco. Apesar de parecer conceitual - com início, meio e fim - o disco não conta sobre a I Guerra Mundial de forma linear. As músicas são focadas em eventos específicos e personagens que fogem do conhecimento raso de sobre a Grande Guerra. A sonoridade é o power metal com orquestrações e coros grandiosos que deu ao Sabaton o status que ele tem hoje.
Destaque para a empolgante Stormtroopers; a dramática Dreadnought, que versa sobre a Batalha da Jutlândia, no Mar do Norte, o maior conflito naval da Guerra. E a épica The Unkilleble Soldier, que relata a história inacreditável de Sir Adrian Carton de Wiart, "que sobreviveu a um tiro feito em seu olho esquerdo, crânio, quadril, perna, estômago, tornozelo, ouvido e muitas quedas de avião e ainda continuou batalhando".
A pesada Hellfighters fala sobre o 369º Regimento de Infantaria formada exclusivamente por afro-americanos e porto-riquenhos do Harlem - apelidado de Harlem Hellfighters - e que cruzou o oceano Atlântico para entrar na História pelos feitos memoráveis no conflito. Vale ressaltar que a 1914, banda ucraniana que versa sobre assuntos de guerra, também escreveu uma música sobre o Harlem Hellfighters no disco Where Fear And Weapons Meet (2021).
>> Resenha: Where Fear And Weapons Meet - 1914
Por fim, Lady Of The Dark joga luz sobre a história de Miluna Savic, uma mulher sérvia que entrou para o exército disfarçada de homem e se tornou um dos soldados mais condecorados ao término do guerra; e a emotiva Christmas Truce relata o raríssimo momento de paz encontrado por soldados britânicos e alemães que cessaram fogo na noite de Natal de 1914 e celebraram a data.
Não é de hoje que o Sabaton nada de braçadas no vasto oceano que é o power metal. Com uma sonoridade única e abordem lírica pra lá de interessante, os suecos firmam ainda mais o nome da banda como a maior representante do estilo com este ótimo The War To End All Wars.
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Meus agradecimentos ao sr. Marcos Franke e à Nuclear Blast Records por ter liberado o disco em primeira mão.
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