Jesus Cristo, Ian Gillan e muito rock'n'roll na ópera-rock Jesus Christ Superstar

Na virada da década de 1960 para 1970 a Inglaterra vivia uma efervescente ebulição cultural e artística. Músicos, compositores, escritores e artistas em geral proliferavam em abundância pelos quatro cantos da Terra da Rainha. Numa dessas, o compositor e produtor musical Andrew Lloyd Webber tirou da cartola um projeto audacioso. Nascia a ópera-rock Jesus Christ Superstar (1970). 

Tendo como recorte as últimas semanas de Jesus Cristo e seus conflitos políticos e pessoais com Judas Iscariotes, a ópera-rock tem como letrista o Tim Rice, parceiro de "loucuras" de Webber. A parceria não era inédita, já que os dois haviam trabalhado juntos em The Likes Of Us (escrita em 1965, mas que teve sua primeira encenação em 2005) e Joseph And The Amazing Technicolor Dreamcoat (1968). 

Inicialmente lançado como um disco, Jesus Christ Superstar carregou consigo uma abordagem tida polêmica para a época por, entre outras coisas, apresentar um Jesus muito mais humano do que divino. Para dar voz à personagens icônicos da história da civilização, Webber e Rice promoveram longas sessões de audições em busca de atores/cantores que dessem vida (e emoções) a Cristo & Cia. 

O cantor e ator britânico Murray Head foi o eleito para interpretar Judas. A cantora americana Yvonne Elliman foi nomeada para dar vida à Maria Magdalena. Faltava, então, achar alguém para o posto de Jesus. Rice declarou que recebeu uma fita com Child In Time, que faria parte da track list do álbum In Rock, do Deep Purple. E assim, um "desconhecido" Ian Gillan, recém empregado no Purple, foi convidado para um teste. 

Com 25 anos na época, Gillan chocou Webber e Rice durante as audições. O cantor demonstrou uma impressionante potência vocal e grande capacidade de improviso, já que os autores haviam lhe dado liberdade para tal. Por sua vez, Gillan ficou abismado com a riqueza erudita que as músicas possuíam. O casamento foi imediato e, segundo reza a lenda, Ian gravou suas partes no disco em apenas três horas. 

Gravado em 1969 no Olympic Studios, em Londres, e lançado em 27 de outubro de 1970, Jesus Christ Superstar foi um sucesso estrondoso - nem os autores e nem os músicos envolvidos esperavam por isso. A consolidação veio no ano seguinte, quando o álbum atingiu o #1 no concorridíssimo chart da Billboard americana e passou a ser encenado regularmente na badalada Broadway por dois anos -  rendendo incríveis 711 apresentações. 

A ópera-rock e agora musical foi parar nos cinemas em 1973. Gillan, que à época já fazia sucesso com o Purple, recusou o convite para viver Jesus na telona. Do cast original, somente Yvonne esteve no filme - os lendários Carl Anderson e Tedy Neeley interpretaram Judas e Jesus respectivamente. A película dirigida por Norman Jewison serviu para fincar ainda mais o nome de Jesus Christ Superstar como um dos maiores e mais importantes musicais de todos os tempos. 


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