Sound Classic: “A Blaze In The Northern Sky” - DarkThrone

Uma das bandas mais influentes do black metal, o DarkThrone celebra neste mês de fevereiro 30 anos do clássico A Blaze In The Northern Sky. O álbum seminal do estilo e primeiro full lançado por uma banda norueguesa, ajudou a ditar os rumos da cena em termos de sonoridade e estética. 

Antes, no entanto, a banda capitaneada por Fenriz Nocturno Culto tocava um death metal nitidamente influenciado pelos vizinhos suecos. Em 1991, pela Peaceville Records, lançaram o cult Soulside Journey. A mudança veio quando Euronymous, do Mayhem, convenceu os conterrâneos a adotarem a linguagem do black metal

A partir de então, a banda aposentou o jeans e as camisas flaneladas e adotou toda a estética visual e lírica do black metal: roupas pretas (Nocturno Culto, loiro, pintou o cabelo de preto), capas, corpse-paint e satanismo. Nascia assim o novo DarkThrone

DarkThrone em 1992: Fenriz, Zephyrous e Nocturno Culto

O "novo DarkThrone", aliás, fazia questão de apagar o "antigo DarkThrone" como pode ser lido nas declarações de Fenriz ao C.O.T.I.M Zine #3, em 1992. Valendo-se de uma retórica agressiva, o baterista despejou ódio contra o death metal e de tudo que girasse no entorno do estilo. 

Nós odiamos tudo sobre death metal agora! As pessoas, bandas e zines. Eu não deveria ter respondido a essa entrevista porque é uma revista de death metal! O novo DARTHRONE é o profano black metal. Não nos incomode ou seja amaldiçoado!"

O DISCO


Como um trio - o guitarrista Zephyrous completava o line-up fixo e Dag Nilsen, baixista que fazia parte 
da banda, foi creditado como músico convidado - o DarkThrone entrou no Creative Studio, em Oslo, para dar vida ao disco A Blaze In The Northern Sky

Se a capa já trazia um ar de primitivo, é quando o disco começa tocar que o ouvinte tem contato com o black metal na sua mais pura essência. Mesmo com a estética e linguagem bem latente, musicalmente ainda é possível perceber vestígios de death metal no som da banda. 

De qualquer forma, tudo o que se pensa hoje como black metal está presente em A Blaze In The Northern Sky. Desde a capa até o último minuto de música: frieza, rispidez, crueza, riffs gélidos e desarmônicos, poesia satânica e vocais carregados de dor e sofrimento. Um exemplar ímpar do estilo. 

A importância de Euronymous nessa nova fase do DarkThrone era tanta que o álbum foi dedicado ao mentor do Mayhem. "A Blaze In The Northern Sky é eternamente dedicado ao rei do black/death metal underground chamado Euronymous", diz a dedicatória na contracapa do disco. 

RECONHECIMENTO NACIONAL

A Blaze In The Northern Sky em exibição na Biblioteca Nacional da Noruega

Em 2020, um cópia da prensagem original de A Blaze In The Northern Sky foi incluída na exposição Enlightened, na Biblioteca Nacional da Noruega. A exposição permanente foi inaugurada pelo Príncipe Herdeiro da Noruega em fevereiro daquele ano. 

Ao lado de peças que datam do século XII como a carta de Roald Amundsen sobre a primeira exposição no Polo Sul, o roteiro da mundialmente famosa série de TV Skam, cédulas de votação do referendo sobre a monarquia em 1905 e a partitura manuscrita de Edvard Grieg para seu concerto para piano em A menor, A Blaze In The Northern Sky figura no panteão de obras que moldaram a identidade da Noruega como nação. 

"Esses itens representam momentos particulares em nossa história compartilhada, contando grandes avanços, obras-primas criativas e eventos cruciais que moldaram nossa capacidade de expressão e nossa nação", disse o porta-voz da Biblioteca. 

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Seminal e atemporal, A Blaze In The Northern Sky não só marcou a entrada do DarkThrone no universo do black metal como também ajudou a moldar e fomentar um dos maiores movimentos de contracultura que se tem conhecimento na História da música. 


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