Certamente este não era o objetivo do EP, mas confesso para vocês que ouvi este Orff Infernalis, do Fratura, com um sorriso no rosto. Lançado em novembro passado pela Eletric Funeral Records, o EP, segundo trabalho da banda de um homem só, resgata toda a essência esquizofrênica dos primórdios do black metal.
Ao longo das sete músicas, o Fratura condensa de forma brilhante os pilares da música extrema; aliando atmosferas sombrias, riffs selvagens, passagens cadenciadas e, claro, muita velocidade com blast beats. O trabalho vaga entre o doom, black metal e o metal punk.
Com a fala "God is dead! Satan lives!" extraída do clássico filme Rosemary's Baby (1968), o EP abre com a agressiva Diabolical Spell e seus riffs bestiais com muita influência no thrash. A sequência com How They Born apresenta um trabalho de guitarra com riffs dissonantes e sujos, trazendo para a música a textura do black metal primitivo. Em alguns momentos ela lembra Quintessence, do Darkthrone.
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| Foto: Divulgação |
Metranca, como o nome sugere, é uma homenagem aos mestres do Sarcófago. Na vanguarda do metal extremo, os mineiros definiram o conceito de black metal que viria a influenciar toda a segunda onda do estilo, principalmente nos países escandinavos. A forma de tocar bateria desenvolvida por D.D. Crazy (e chamada por ele de metranca) se tornou um dos principais pilares da música extrema.
Ancient Black Magic transita pelo metal punk rápido, feito para bangear. A faixa-título Orff Infernalis tem uma atmosfera sombria e carregada com riffs arrastados de doom. No fim, o Fratura homenageia Pelle "Dead" Ohlin, ex-vocalista do Morbid e do Mayhem, com o trecho demente da música Disgusting Semla.
O trabalho é finalizado com Evil Encarnated In Us e Triumphant Ending, duas peças mórbidas e soturnas. A primeira aposta na velocidade característica do black metal, enquanto a segunda alterna riffs impetuosos e uma cadência obscura.
Em suma, Orff Infernalis é a trilha sonora ideal para aqueles que caminham pela estrada da escuridão e da misantropia.
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