Sound Classic: Darkthrone - Transilvanian Hunger (1994)

Na década de 1990, a Noruega ardia em chamas graças ao black metal, impulsionado por bandas como Mayhem, Burzum e Emperor. Alheios à política e aos crimes praticados pelos colegas de cena, o Darkthrone produziu entre 1992 e 1994 uma trinca de discos que se tornou referência canônica para o gênero. O último dessa tríade foi "Transilvanian Hunger", lançado em 1994, que encapsulou a essência sombria e visceral do True Norwegian Black Metal.

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Nos primórdios da existência, o Darkthrone, à época formado por Fenriz (bateria), Nocturno Culto (vocal/guitarra), Zephyrous (guitarra) e Dag Nilsen (baixo), seguia a cartilha do death metal sueco. Em 1991, lançaram o clássico cult "Soulside Journey". O álbum ia contra o som praticado pelos conterrâneos, que abominavam veemente o metal da morte. Mas bastaram algumas idas de Fenriz & cia. à Helvete, a infame loja de Euronymous (Mayhem), para que a histórica começasse a mudar. 

>> O sonho de Euronymous por trás da Deathlike Silence Productions

Convencidos a trocar o death pelo black metal, o Darkthrone chocou a cena com os lançamentos de "A Blaze In The Northern Sky" (1992) e "Under A Funeral Moon" (1993), dois artefatos únicos na história da música extrema. Vale ressaltar que o primeiro faz parte de uma exposição permanente na Biblioteca Nacional norueguesa, entre as obras culturalmente mais importantes para o país. No documentário "Until the Light Takes Us" (2008), Fenriz disse que a gravadora Peaceville inicialmente relutou em lançar "A Blaze...", mas mudou de ideia no limite, e hoje o disco ainda traz retornos financeiros à gravadora.

>> Sound Classic: "A Blaze In The Northern Sky" - Darkthrone 

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Munido de um gravador primitivo com apenas quatro canais, o Darkthrone deu vida ao icônico "Transilvanian Hunger", lançado em 17 de fevereiro de 1994. Último capítulo na tríade iniciada em 1992, o álbum marcou o início da jornada da banda em dupla, tendo Fenriz e Nocturno Culto como protagonistas. Aliás, é o baterista quem aparece na clássica e assustadora capa do disco. Por outro lado, o álbum foi motivo de polêmica por trazer na contracapa a inscrição 'Norsk Arisk Black Metal' (em português, Black Metal Norueguês Ariano). E, para colocar ainda mais lenha na fogueira, todas as letras do 'lado B' do álbum são de autoria de Varg Vikerness...

A repercussão junto às distribuidoras foi péssima, visto que elas se recusaram a colocar o disco nas lojas devido à inscrição controversa. A solução foi trocar a frase e, assim, pela primeira vez, a definição 'True Norwegian Black Metal' apareceu para o grande público. Apesar do problema aparentemente ter sido contornado, o Darkthrone ainda é ocasionalmente apontado como uma banda racista e/ou nazista. 

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Deixando as polêmicas de lado e concentrando-se apenas na música (aquele clássico exercício de separar a obra do artista), "Transilvanian Hunger" completa 30 anos como um dos discos mais influentes e respeitados do gênero. Mesclando a aura primitiva apresentada em "A Blaze In The Northern Sky" com a musicalidade mais refinada de "Under A Funeral Moon", o álbum virou uma espécie de farol do black metal, guiando gerações pelo labirinto sombrio da música.

Com uma produção crua e minimalista, "Transilvanian Hunger" apresenta uma atmosfera fria e opressiva desde a abertura com a faixa título até o encerramento com En Ås I Dype Skogen. As guitarras distorcidas e os urros cavernosos de Nocturno Culto ecoam como um lamento na escuridão, criando uma paisagem sonora lúgubre e etérea. A estética, a sonoridade, o lirismo... todas as características que personificaram o black metal como movimento musical e cultural estão ali.

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Trinta anos após o lançamento, "Transilvanian Hunger" segue intacto na discografia do Darkthrone como uma obra-prima que desafia o tempo e transcende as fronteiras do black metal. É muito mais do que música. É o VERDADEIRO BLACK METAL NORUEGUÊS

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