Review: Ihsahn - Ihsahn

Embora seja reconhecido pelo trabalho seminal com o Emperor, o guitarrista e vocalista Ihsahn tem mantido uma robusta carreira solo desde 2005. Durante esse período, o músico lançou sete discos de estúdio, explorando territórios sonoros que, provavelmente, jamais seriam explorados com o Emperor. E "Ihsahn" (via Candlelight Records), o oitavo álbum, é mais uma etapa dessa trajetória em constante evolução.

Desde as primeiras harmonias de Cervus Venetor, fica evidente que estamos diante de um grande disco. A introdução com ares cinematográficos abre caminho para um álbum de metal inspirado, dramático, criativo e 100% livre de qualquer imposição sobre um gênero específico. Se, por exemplo, The Promethean Spark soa como um prog sinfônico, Pilgrimage to Oblivion coloca Ihsahn na rota do black metal misturado com elementos mais modernos, numa onda bem na linha do Opeth.

As inserções de passagens clássicas são, sem dúvida, o que coloca "Ihsahn" num patamar acima da média. O artista brinca com a fluidez das harmonias e melodias, conferindo ao disco um aspecto verdadeiramente cinematográfico. Um exemplo claro disso é a faixa Twice Born, na qual, pelo menos para mim, é possível visualizar cenas agoniantes e abstratas ao longo da música. O mesmo pode ser dito para a melancólica A Taste of the Ambrosia.

Um destaque individual deve ser feito a trinca formada pelas faixas Hubris and Blue Devils, The Distance Between Us e At the Heart of all Things Broken. A primeira, dominada por um arranjo de violino, causa um frisson histérico do início ao fim. Enquanto isso, as duas últimas soam como se o Pink Floyd desse um passo em direção à música extrema. Entre elas, At the Heart of all Things Broken se destaca como o ponto alto do disco.

O tamanho de "Ihsahn" é medido pelo conteúdo. Além do álbum convencional, Ihsahn também o lançou em uma versão totalmente orquestrada. Este disco é uma obra ambiciosa, habilmente construída por alguém que, sem se preocupar em agradar A ou B, utiliza a liberdade artística para ser aquilo que ele é: artista.

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