Um novo álbum do Nanowar of Steel é sempre um acontecimento. Na ativa desde 2003, a banda italiana tem recebido um maior destaque desde que passou a integrar o cast da Napalm Records. Dislike to False Metal, segundo álbum dessa parceria, mantém a máquina de piadas afiada, traz referências mil e muito metal - e um tiquinho assim de disco music.
Antes de falarmos das músicas, o que chama atenção logo de cara é a capa do álbum. Não é necessário um olhar mais atento pra encontrar todas referências à capa do disco Somewhere In Time, do Iron Maiden. Tá tudo ali: a cidade futurista e um monte de easter eggs - mas tudo no melhor estilo Nanowar of Steel.
Ainda nesse tópico, leio algumas pessoas que reclamam da banda por fazer uso em demasia de referências que nem todos conseguem entender. De fato é necessário um lastro cultural muito grande pra compreender as galhofas do Nanowar - e não, não estou dizendo que a música dos italianos é para "pessoas inteligentes". Só que a banda sempre usou deste artifício e assim deve continuar. E a internet taí pra gente buscar cada citação, né?
Mas vamos às músicas! O trabalho abre com a incrível Sober e logo percebemos que a "vítima" da vez é o folk metal do Korpiklaani. Enquanto os finlandeses celebravam o happy little boozer, os italianos enaltassem piratas sóbrios que só bebem milkshake. Winterstorm in the Night, que foi lançado como primeiro single e tem participação de Madeleine Liljestam, fala sobre caspas. É isso.
A gargalhada que eu dei quando Disco Metal começou a tocar deve ter sido escutada no bairro inteiro! Depois disso o impulso foi colocar uma camisa de qualquer banda de metal extremo com logo indecifrável e dançar no meio da sala como se eu estivesse numa balada metal. Sem dúvidas uma das melhores do disco! Nem o mais true conseguiria ficar parado.
Do nada a icônica introdução de bateria de Painkiller ecoa pelo fone e, quando chega o ápice, me surge uma loucura de música latina e caribenha pra zombar do fenômeno ufológico mais popular da América Latina: o famoso e lendário Chupacabra. A música chamada Chupacabra Cadabra é um incrível épico de quase 10 minutos com início, meio e fim puramente nonsense - e cantada em inglês/espanhol!
Os versos Passadena 1994, the last fight of the heores sent to war/Passadena 1994, for the glory entoados pela voz peculiar de Joakim Brodén, do Sabaton, abrem a música que conta sobre a "batalha" entre Itália x Brasil na final da Copa do Mundo FIFA em 1994. A faixa como um todo é bem na linha do Sabaton e o mais interessante são as intermináveis referências ao futebol daquela época - Brodén cantando sobre Romário e Bebeto neutralizados pela linha do impedimento italiana tocou meu coração.
Metal Boomer Battalion vai direto e reto na mensagem contra o troll 'metaleiro' da internet que só sabe reclamar e falar que as coisas do século passado eram melhores. Frases como We despise and shame every song that came after 1982! e Metallica was better in 1922 é puro ouro. O mais legal é que o som é calcado no sympho metal espadinha... não que isto queira dizer alguma coisa.
Mas faltava um Rhapsody of Fire pra fechar com chave de ouro esta pérola, né? The Power of Imodium (que é um remédio utilizado para controlar o famoso piriri) cumpre esse papel. Com direito a um trechinho parodiando Bohemian Rhapsody do Queen, a letra é pura escatologia - o que não é nenhuma novidade se olharmos para o passado da banda e lembrarmos da Karkagnor's Song - The Hobbit.
Acompanho o Nanowar of Steel desde 2012 quando eles lançaram o inoxidável (um abraço pro nosso amigo Fausto Silva) single Giorgio Mastrota. Foi gargalhada à primeira 'ouvida' e amor imediato. Para mim é impressionante o que esses italianos conseguem fazer dentro de um estilo tão sisudo como o metal. Deixemos a cara de bravo para trás e vamos rir!
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