Review: "Heimdal" - Enslaved

Se o black metal é um dos produtos de subcultura mais interessantes surgidos na música, isto se deve às bandas que, na vanguarda, moldaram e definiram o estilo. Para além dos clássicos e sempre citados Mayhem Darkthrone, havia na Noruega do início dos anos 1990 uma galera que pensava fora da caixinha. Podemos citar o Ulver e também o Enslaved, que chega ao 16° álbum de estúdio com o novíssimo Heimdal (via Shinigami Records). 

Trazendo à tona um olhar sob a figura mitológica de Heimdal, o Enslaved apresenta neste trabalho toda peculiaridade musical que caracteriza sua trajetória - que para a alegria dos 'rotulistas' de plantão ganhou a definição de black metal progressivo. Seja lá qual for o rótulo, o fato é que os noruegueses conseguiram nessas três décadas de história incorporar diversas sonoridades para criar algo único. 

O som da água batendo contra as rochas associadas ao chamado do próprio Heimdal abrem a faixa Behind The Mirror. Aqui, a banda transita pelos extremos: suavidade, melancolia, prog e black metal - com destaque para exuberante seção rítmica do meio para o final da música. Congelia representa o Enslaved primitivo em um black metal selvagem e muito bem trabalhado. A progressiva Forest Dweller é de uma beleza ímpar. O contraste entre os vocais limpos e rasgados de Grutle Kjellson chama atenção, assim como o órgão à la Deep Purple. Kingdom fecha a primeira metade com álbum numa mescla meio jazz e meio metal moderno.  

A parte final do álbum com The Eternal Sea, Caravans To The Outer Worlds e Heimdal fica um pouco aquém do apresentado nas faixas anteriores. Não que elas sejam ruins, mas (pelo menos para mim) não empolgam tanto quanto as outras. Porém, entre as três, Caravans se sobressai com relação às outras. 

Sempre na vanguarda do black metal, o Enslaved mostra que a criatividade não tem fim com este Heimdal. O sarrafo imposto pela própria banda ainda continua lá no alto. 

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