Cercado de muita expectativa, BlackBraid I, debut do BlackBraid, finalmente viu a luz do dia. E agora, com o material em mãos, vou tentar responder a principal questão que ronda todas as discussões sobre o disco: é o melhor álbum de black metal de 2022? Bem...
Antes de tudo é preciso situar a banda. BlackBraid é uma one-man band capitaneada pelo multi-instrumentista conhecido pela impronunciável alcunha de Sgah'gahsowáh. A proposta é executar um black metal atmosférico e clássico mesclado com a música folclórica nativa norte americana. Esta combinação rendeu à banda o rótulo de native american black metal.
Musicalmente a proposta do BlackBraid não é nenhuma novidade. Nossos vizinhos argentinos do Ysyry Mollvün já exploram essa amálgama do black metal com cultura nativa do continente americano no ótimo debut lançado em fevereiro deste ano.
>> Resenha: "Ysyry Mollvün" - Ysyry Mollvün
Bem, criou-se um hype com relação ao BlackBraid I muito graças aos três singles escolhidos a dedo para emplacar o álbum. Na real, o disco foi praticamente 100% disponibilizado antes mesmo do lançamento. Composto por seis faixas - sendo dois interlúdios -, apenas Prying Open the Jaws of Eternity não era conhecida.
Quando Barefoot Ghost Dance on Blood Soaked Soil foi divulgada era evidente de que estávamos diante de um projeto muito gigantesco! A sonoridade sombria, melancólica e ao mesmo tempo melódica soprou forte como o vento que corta o pico das montanhas. Já The River of Time Flows Through Me é a personificação do black metal moderno.
E aí chegamos na obra-prima do álbum intitulada de Sacandaga. É difícil até de explicar o impacto que esta faixa causou em mim quando a escutei pela primeira vez. Sabe aquela música única na qual tudo funciona de maneira perfeita? É esta! O riff poderoso transmite uma sensação de pés descalços, cheiro de terra úmida e total conexão com a natureza. É como diz a letra: Autumn wind comes softy/Kisses my bare chest/Ancestral strength consumes me/I am reborn.
As músicas avulsas por si só já garantiam a excelência do material. No entanto, o disco montadinho faixa a faixa com os interlúdios ganha muito mais corpo. As the Creek Flows Softly By, que faz a ponte entre The River... e Sacandaga, é de uma beleza ímpar. É possível imaginar-se sentado à beira do rio escutando a água passar. Já Warm Wind Whispering Softly Through Hemlock at Dusk, que vem antes da última faixa, carrega uma frieza invernal.
Prying Open the Jaws of Eternity foge da estética usual do black metal apresentada até então no álbum e aposta numa pegada muito mais carregada e doom - mas preserva momentos de blast beats e vocais urrados. O épico de 10 minutos mostra toda a criatividade de Sgah'gahsowáh como compositor - e nem precisa de mais demonstrações, né?
Hora, então, de responder a principal questão que envolve o disco - e vou respondê-la da maneira mais simples possível. É o melhor álbum de black metal de 2022? Não tem como cravar, porque ainda faltam quatro meses para o ano acabar e tudo pode acontecer. Mas, sem dúvida, é um candidato fortíssimo ao título.
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