Review: "The God Machine" - Blind Guardian

O Blind Guardian inicia uma nova era em The God Machine (via Nuclear Blast/Shinigami Records). 12° álbum de estúdio do quarteto alemão, o novo trabalho se afasta da sonoridade orquestral e progressiva recente da banda e busca no passado o fôlego para se reinventar. 

Quando Deliver Us From Evil saiu como primeiro single, a mudança na abordagem musical era evidente. Havia ali uma tentativa de resgate da força de outrora. No entanto, quando Secrets Of The American Gods foi disponibilizada, era possível encontrar elementos do "Blind Guardian atual" - e não seria nenhum exagero dizer que, por exemplo, Secrets poderia figurar na tracklist de A Night At The Opera (2002). 

Violent Shadows, que já era conhecida do público desde 2020, também mostrava uma aproximação da banda com o passado. Então, o que esperar de The God Machine? Em material promocional enviado pela gravadora, o vocalista Hansi Kürsch aponta o caminho: "Não queríamos reacender as nossas qualidades de 1995, mas também não queríamos continuar trilhando este caminho complexo para sempre. The God Machine é um novo começo para a gente. Colocamos um novo caminho e voltamos para algumas coisas que negligenciamos um pouco nos últimos álbuns". 

E é exatamente isto o que o disco apresenta. The God Machine não é um novo Imaginations From The Other Side (1995) e nem um novo Beyond The Red Mirror (2015). O disco, sim, engloba todas as características da sonoridade do Blind Guardian mas entrega tudo no pacote mais próximo de 1995. Blood Of The Elves, o último single, deixou tudo isso ainda mais claro. 

Outros grandes momentos do álbum são Life Beyond The Spheres Architects of Doom. A primeira apresenta uma veia mais dramática na linha do Nightfall In Middle-Earth (1998); já a segunda é uma das melhores músicas do Blind Guardian em anos! Uma execução de cinema do quarteto formado por Hansi (vocal), André Olbrich e Marcus Siepen (guitarras) e Frederik Ehmke (bateria).

Há séculos a banda prometia uma "volta às raízes" com músicas mais diretas e menos complexas, e isto finalmente veio em The God Machine. Minha única ressalva é com o produto como um todo. Apesar de ser um disco muito bom, a produção e mixagem deixaram a sonoridade pasteurizada, fazendo o álbum soar como todas as outras produções do estilo. E aí, ao meu ver, o Blind Guardian perde todo o frescor de originalidade e passa a ser só mais uma no meio do bolo.

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