Em noite de celebração ao passado e boas-vindas ao futuro, Viper faz show histórico no Rio

Foto: Rodrigo Garm

Em uma noite de sábado na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro, alguns headbangers trajando suas tracionais vestes pretas destacavam-se no meio da multidão multicolorida que transitava pelos Arcos da Lapa e ruas próximas. Este grupo dirigia-se à rua Riachuelo nº 20, mais precisamente à Rock Experience. Ali, após longos sete anos, o Viper reencontraria os fãs cariocas para uma noite histórica tanto para a banda quanto para o público. 

Logo na chegada ao local uma cena chamou atenção: Pit Passarell desceu até a portaria e falou com alguns fãs na fila, na calçada. Muito atencioso, riu, conversou e tirou fotos antes de retornar ao camarim. Com a entrada liberada, subi para o segundo piso da casa. Apesar de ser um local pequeno, o espaço apresentava uma ótima estrutura de palco e som, e um bar muito bem abastecido. 

Marcado para começar às 21h, o tradicional atraso deu as caras. Só que, surpreendendo a todos, Pit Passarell sobe ao palco com um churrasquinho na mão e solta: "vamos trabalhar, porra!". Inquieto, o músico conferiu microfone, amplis e o seu baixo, até receber o primeiro pedido de foto e autografo. Em mais uma atitude muito legal, Pit atendeu pacientemente a TODOS - incluindo um fã com sua mochila lotada de produtos do Viper

Passava das 21h30 quando, enfim, os fundadores Pit Passarell (baixo) e Felipe Machado (guitarra), os estreantes com o Viper em solo carioca Kiko Shred (guitarra) e Leandro Caçoilo (vocal), e o baterista convidado Marcelo Campos (Salário Mínimo) subiram ao palco com a poderosa Coming From The Inside, do álbum Evolution (1992). 

Com um setlist bem balanceado abrangendo músicas que vinham desde os primórdios (só senti falta de Wings Of The Evil) até as novas faixas que estarão no vindouro Timeless, a apresentação do Viper trouxe um quê de celebração e respeito à história, e também um boas-vindas para o presente e o futuro - vide a ótima recepção do público para Under The Sun e Freedom Of Speech

Foto: Rodrigo Garm

Falando em presente e futuro, é impossível não destacar individualmente os novatos Caçoilo e Kiko. O vocalista, que já demonstrou ter um talento muito acima da média (não é qualquer um que tem cacife para substituir Andre Matos), desempenha muito bem seu papel de frontman transbordando carisma em cima do palco. Já o guitarrista, exímio nas seis cordas, parece não ser deste planeta.

Pit e Felipe mantêm acesa a chama (não aquela que quase incendiou o teatro do Colégio Rio Branco) do Viper "moleque". Os dois estavam nitidamente maravilhados com o que acontecia naquela noite de 30 de julho e agitavam incessantemente com se ainda fossem os mesmos garotos que montaram a banda nos anos 1980 ou os rebeldes maníacos dos anos 1990. 

A banda se encaminhava para o fim da apresentação quando o baterista Marcelo Campos pediu a palavra. Visivelmente emocionado, o músico agradeceu ao Viper pela oportunidade que, em suas palavras, era a realização de um sonho de 30 anos. Este foi o último show de Marcelo com o Viper antes de Guilherme Martin reassumir as baquetas. 

O show terminou perto das 23h com o clássico primitivo H.R. entoado pelos presentes. E aqui vale um comentário sobre o público. Mesmo sem a lotação máxima esgotada, todos que comparecerem colocaram a banda no colo em uma demonstração de carinho, afeto e admiração que eu, confesso, nunca tinha visto antes. Após a apresentação a banda desceu para a pista e atendeu atenciosamente quem buscava uma foto ou um autografo - inclusive o fã citado no começo do texto que tinha em mãos um incontável número de versões do LP Theatre Of Fate

Profissionalismo, dedicação, respeito e carinho pelos fãs. Este foi o show que o Viper entregou no Rio de Janeiro para uma plateia hipnotizada pela força desta entidade do heavy metal nacional. Histórico! 

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Meus agradecimentos ao Tiago Claro da TC7 Produções pelo credenciamento para o evento. 

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