Review: "When You See Yourself" - Kings of Leon

Por Nathaly Miranda

O lançamento do oitavo álbum do Kings of Leon foi uma surpresa até mesmo para os fãs. Quietinhos há cinco anos após a boa repercussão de Walls (2016), a banda anunciou em janeiro deste ano que lançaria When You See Yourself. O comunicado veio acompanhado da divulgação de dois singles, The Bandit e 100,000 People, que empolgaram os fãs que acompanham o KOL há mais tempo justamente por lembrarem a sonoridade do início da carreira da família Followill, antes de serem lançados ao estrelato com Because of the Times (2007).

As 11 faixas que compõem o disco remetem ao início muito influenciado pelo southern rock mais alternativo do Kings of Leon, com referências ao country e ao indie. Com músicas mais lineares e que fogem da pegada comercial que os álbuns mais famosos possuíam, o oitavo trabalho parece ter agradado muito o público, pois está em primeiro lugar absoluto em número de vendas totais (cópias físicas e digitais) no Reino Unido desde o lançamento, e muito distante do segundo colocado.

Seguindo a direção alternativa tão presente na história deles, os irmãos Caleb, Nathan e Jared e o primo Matthew decidiram não divulgar a venda do álbum em gigantes como a Amazon. Ao invés disso, existe a opção de comprá-lo em indie stores (lojas de música locais) no site oficial, ajudando os pequenos proprietários durante essa fase difícil da pandemia. A decisão foi bastante elogiada pela crítica.

Foto: Divulgação

Em When You See Yourself, as excelentes linhas de baixo criadas por Jared Followill se destacam juntamente com a bateria do irmão, Nathan. A faixa 4, Stormy Weather, traz o exemplo perfeito do baixo tão presente em todo o disco logo nos primeiros segundos. Supermarket poderia ser usada para descrever o álbum: é uma música intimista, introspectiva e não surpreende justamente pela linearidade, mas agrada. Quem sente falta do Kings of Leon da época de Come Around Sundown (2010) vai poder matar a saudade ao ouvir The Bandit, primeiro single e segunda música da tracklist.

O grande destaque vai para Time in Disguise pela combinação dos elementos que o KOL explorou com excelência ao longo dos outros sete álbuns de sua discografia: o vocal impecável de Caleb, a guitarra suave e cativante de Matthew, a bateria distinta de Nathan e o baixo espetacular de Jared. Ela não seria o que é se não tivesse algum dos elementos, provando que o entrosamento entre eles é a verdadeira essência do grupo.

O Kings of Leon foi claramente fiel às suas raízes no rock alternativo e country de Nashville, mostrando que, após 20 anos e de forma impressionante, ainda consegue se reinventar e redescobrir a sua identidade fazendo mais do mesmo. A impressão que fica é que eles acharam a receita para o sucesso e não estão dispostos a abandoná-la tão cedo. Melhor para nós.

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