Review: "Hell, Fire and Damnation" - Saxon

Se fizermos um recorte dos últimos três ou quatros anos do Saxon, chega a ser impressionante a produtividade dos ingleses. Em 2021, lançaram o excelente Inspirations, álbum de covers que celebrava as influências da banda. No ano seguinte, foi a vez do ótimo full Carpie Diem. Já em 2023, veio a continuação da celebração sob o título de More Inspirations. Agora, no início de 2024, a lenda do heavy metal lançou Hell, Fire and Damnation (via Silver Lining Music/Shinigami Records). 

Vigésimo quarto (!!!) álbum de estúdio destes baluartes da NWOBHM, Hell, Fire and Damnation marca o primeiro lançamento do Saxon após a saída do guitarrista Paul Quinn. Para ocupar o seu lugar, outra lenda das seis cordas foi recrutada: Brian Tatler (Diamond Head). E mantendo uma parceria que vem desde 2015 com o disco Battering Ram, a banda trabalha novamente com o produtor Andy Sneap

Foto: Lea Stephan

E aí já podemos citar a importância de Sneap no resultado apresentado em Hell, Fire and Damnation. O álbum é coeso e direto, sem excessos. Ao longo das 10 faixas, distribuídas em pouco mais de 42 minutos, a banda adere a já consagrada fórmula clássica do heavy metal sem medo nenhum de ser felizÉ bom demais quando uma banda do tamanho do Saxon integra o produtor no processo, tornando-o mais do que apenas o cara que aperta o REC. 

A apoteótica The Prophecy abre o disco citando a batalha entre o Bem e o Mal, sendo seguida pela poderosa faixa-título. É impossível não sorrir de satisfação quando Biffy Byford manda na lata "Child of Satan or lamb of God" logo na primeira frase da música. A partir daí, Mr. Byford, TatlerDoug Scarrett (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glocker (bateria) apresentam para os fãs uma versão atualizada - e sem bug! - do Saxon

Madame Guillotine é um ótimo exemplo de que menos é mais. Seguindo uma linha de riffs simples e refrão forte, a faixa conta sobre momentos tenebrosos da Revolução Francesa. E o que dizer sobre Fire And Steel? Metal acelerado, cheio de energia e na linha de Rapid Fire, clássico do Judas Priest. Outro grande momento é There's Something in Roswell, que fala sobre a suposta captura de um disco voador e sua tripulação alienígena pelo governo dos Estados Unidos em 1947. 


A segunda metade do álbum se desenrola em uma tempestade de riffs vigorosos e enérgicos, com trovoadas do autêntico metal tradicional. Aqui, destacam-se faixas como Kubla Khan And The Merchant Of Venice, 1066 e Super Charger. E apesar da dupla Tatler e Scarrett ser a novidade em Hell, Fire and Damnation, é Byford quem merece todo destaque. O vocalista, aos 73 anos de idade, canta com a mesma maestria e plenitude que exibia nos áureos anos 1980.

É louvável, embora não surpreendente, ver o Saxon ainda entregando discos relevantes mesmo após quase meio século de atividade. Isso prova que, com um bom produtor e a paixão contínua pelo metal, é possível manter a chama acesa e criar obras que impactam tanto os fãs antigos quanto os novos.  

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