To Ride the Storm: a tragédia do dirigível R101

Foto: Reprodução/BBC

Em 2015, no álbum The Book of Souls, o Iron Maiden apresentou a faixa Empire of the Clouds, um épico dramático com mais de 18 minutos de duração. Esta composição, liderada por Bruce Dickinson ao piano, tece uma narrativa que retrata os eventos que antecederam e culminaram no trágico desastre ddirigível R101. E este é o tema do Especial desta semana aqui na Soundhouse_BR.

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A tragédia do dirigível R101 é um dos capítulos mais sombrios da história da aviação britânica. O dirigível, que estava a caminho da Índia para uma missão diplomática, foi projetado como um símbolo do progresso tecnológico e do poder imperial do Reino Unido. No entanto, o R101 tornou-se palco de uma catástrofe sem precedentes que tirou a vida de 48 pessoas naquele 5 de outubro de 1930.

O R101 foi construído como uma aeronave experimental para demonstrar a capacidade da Grã-Bretanha em projetar e operar dirigíveis de grande porte. Ele foi construído com um enorme esqueleto de aço e revestido com um tecido de linho impregnado de alumínio. O dirigível era alimentado por cinco motores a diesel e podia transportar até 100 passageiros. Um personagem crucial nessa história é Lord Thomson, Ministro do Ar do Reino Unido na época. Thomson tinha grande interesse no desenvolvimento dos dirigíveis como meio de transporte aéreo e desempenhou um papel fundamental na aprovação e financiamento do projeto R101.

Lord Thomson no R101 (Foto: Reprodução/Ampthill Images)

Mas apesar de ser uma aeronave impressionante, o R101 tinha uma série de problemas técnicos. Durante o desenvolvimento do projeto, a cargo de Barnes Wallis, engenheiro-chefe da Vickers, houve discussões sobre a capacidade do dirigível em voar com segurança em altitudes elevadas, bem como sobre a eficiência do sistema de propulsão. Além disso, havia preocupações com o tamanho - que, ao contrário do canta Dickinson na música, era grande, mas não o suficiente para caber um Titanic dentro - e o peso da aeronave, o que poderia afetar a estabilidade do dirigível. Todas essas questões foram ignoradas pelas autoridades.

O "Tapete Mágico" flutua para a Índia (Foto: Reprodução/Daily Mirror)

Apesar dessas preocupações e dos testes insuficientes para certificar a segurança do voo, o R101 foi autorizado a voar para a Índia - os responsáveis pelo projeto diziam que a chance dirigível cair era de uma em um milhão. Mas, durante o voo, a tripulação enfrentou uma série de problemas, incluindo condições meteorológicas adversas e falhas no sistema de propulsão. Mesmo com a chuva torrencial que caia,  o comandante Herbert Carmichael Irwin decidiu manter a viagem. Mas ele também decidiu mudou a rota, passando por Beauvais Ridge, na França.

Só que essa foi uma decisão errada. Por volta das 2h de 5 de outubro de 1930, o R101 caiu e se chocou contra o solo nas proximidades de Beauvais. O dirigível explodiu e virou uma imensa bola de fogo e um emaranhado de aço retorcido. A tragédia matou 48 das 52 pessoas a bordo, incluindo Lord Thomson e outras autoridades, e a maioria dos membros da tripulação. A tragédia abalou o Reino Unido e levou a uma investigação completa sobre as causas do acidente.

Restos do que sobrou do dirigível (Foto: Reprodução /Daily Mirror)

A investigação concluiu que a causa da tragédia foi uma combinação de fatores técnicos e humanos. Entre os problemas técnicos, destacaram-se as já conhecidas falhas no sistema de propulsão e a falta de testes adequados na aeronave. Já entre os fatores humanos, destacou-se a decisão do comandante de continuar a viagem, apesar dos problemas técnicos. Além disso, a investigação descobriu que a tripulação não estava treinada para lidar com emergências e que havia problemas de comunicação entre os membros da equipe.

A capa do single Empire of Clouds foi inspirada na histórica primeira página do jornal Daily Mirror

A tragédia do R101 impactou a aviação civil e a indústria aeronáutica do Reino Unido. O incidente levou a uma revisão completa dos padrões de segurança e a uma reformulação dos procedimentos de treinamento e certificação. Além disso, o desastre do R101 levou à desaceleração do desenvolvimento de dirigíveis no Reino Unido. 

Em março de 1936, o R101 foi superado pelo LZ 129 Hindenburg, dirigível alemão que detém até hoje o título de maior aeronave a voar na história. No entanto, assim com o "primo" inglês, o projeto alemão teve um fim trágico em 6 de maio de 1937. Durante a manobra de pouso, o dirigível pegou fogo e matou 36 pessoas - 13 passageiros, 22 tripulantes e 1 pessoal que estava no solo. 

As tragédias com o R101 e o LZ 129 Hindenburg marcaram o fim da era dos dirigíveis como uma forma viável de transporte aéreo. A partir de então, o mundo passou a dar atenção à aviação de asa fixa. É como Dickinson cantou no fim da música: "os sonhadores podem ter morrido, mas o sonho [de voar] continua".

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REFERÊNCIAS

https://www.airships.net/blog/british-airship-r101-crashes-killing-48-day-1930/

https://www.bbc.com/news/uk-england-beds-bucks-herts-54338833

https://www.collectorsroom.com.br/2016/10/empire-of-clouds-tragica-historia-do.html

https://www.dailymail.co.uk/news/article-10394803/How-crash-R101-airship-1930-ended-Britains-grand-empire-crossing-plans.html

https://en.wikipedia.org/wiki/R101

https://pt.wikipedia.org/wiki/R101

https://virtual-library.culturalservices.net/webingres/bedfordshire/vlib/0.digitised_resources/r101_newspaper_daily_mirror_14_10_1929.htm

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