Review: Lucifer - Lucifer V

A descrição de Lúcifer presente no livro de Ezequiel - "perfeito, sábio, belo e formoso, de vívido resplendor e reluzente" (Ez 28:15, Ez 28:17) - cabe perfeitamente à banda Lucifer. Com suas enormes e esplendorosas asas, a banda tem espalhado as sombras por meio da música e chega agora ao quinto álbum, batizado de Lucifer V (via Nuclear Blast/Shinigami Records).

Antes de tudo, vale ressaltar que, após uma década na estrada, o Lucifer mantém firme a tradição de como tocar o occult rock. As influências já veneradas de Coven, Black Sabbath, Blue Öyster Cult e outras sonoridades que flertam com elementos da NWOBHM e do hard rock estão presentes. O que para alguns pode sugerir falta de originalidade, para outros é justamente o que torna a som da banda instigante.

Foto: Divulgação

Sob a liderança da vocalista Johanna Sadonis, acompanhada por Martin Nordin e Linus Björklund nas guitarras, Harald Göthblad no baixo e Nicke Anderson na bateria, o Lucifer exibe uma coesão que eleva Lucifer V ao patamar de melhor álbum em sua breve discografia. A musicalidade flui competentemente, com Sadonis assumindo o protagonismo não apenas do disco, mas também da banda como um todo.

Com apenas nove faixas, Lucifer V é um depósito de ótimas músicas. A abertura com a enérgica Fallen Angel é seguida por At The Mortuary, cuja sonoridade parece uma atualização daquela praticada pelo Sabbath no clássico álbum Sabbath Bloody Sabbath (1973). Já a faixa Riding Reaper claramente bebe em fontes obscuras da NWOBHM. Slow Dance In A Crypt tem uma atmosfera à la Led Zeppelin em Dazed And Confused antes de explodir em um refrão emotivo que certamente será entoado pelo público nos shows.

Na segunda metade do álbum, faixas como A Coffin Has No Silver Lining, lançada como primeiro single no ano passado, mantém a conexão da banda com a NWOBHM. Por fim, vale conferir com muita atenção a belíssima Maculate Heart e a balada com toques de blues Nothing Left To Lose But My Life, que encerra o disco. 

Com uma discografia e carreira consistentes, o Lucifer demonstrou ser capaz de, em um futuro muito próximo, tornar-se uma referência do occult rock para novas bandas que desejarem trilhar esse caminho. E Lucifer V é só mais uma prova dessa capacidade. 

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