Review: Sangue de Bode - Eu Sou a Derrota

Após a estreia com o aclamado A Sombra que me acompanhava era a mesma do Diabo (2020) e a sequência com o excepcional Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz (2021), os vermes subterrâneos do Sangue de Bode emergem das terras insalubres para espalhar sua moléstia em forma de música com o novo disco intitulado Eu Sou a Derrota

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Logo de imediato percebe-se que o Sangue de Bode está mais afiado do que nunca na parte lírica. Existe um quê estranhamente satisfatório de misantropia, fracasso humano, morbidez, tormento e clamor pela morte no decorrer das 12 faixas que compõem o álbum. Já na parte musical, Eu Sou a Derrota mantém a pegada extrema característica da banda. 

Foto: Divulgação

A verdade é que Eu Sou a Derrota soa como uma sinfonia sinistra para pessoas com algum tipo de perturbação - deve ser por isso que me identifico tanto com as músicas do Sangue de Bode. A abertura com a colérica Neo-Túmulo, que saiu como single, rompe os tímpanos num mix de riffs dissonantes, blast-beats e vocais doentios. Já em A Grande Degola a sensação é de, como diz a letra, ter uma faca no bucho rasgando, rasgando e rasgando. 

E assim, o disco se desenvolve em uma tracklist que causa incômodo, mas ao mesmo tempo um certo regozijo com tanta desgraça sendo escrutinada. Palavras São Só Barulhos, Às Vezes Sou Antigo, 17h55, Os Corpos Apodrecem na Máquina, Vybora e Oito Longos Anos são jorradas como vômitos azedos diretamente em nossas caras. No entanto, o melhor momento do disco é reservado para o final, com as perturbadoras Problemas Pra Dormir e Sou Paranoico, que carregam o mesmo poder destrutivo da faixa Deus Subterrâneo, presente no disco Seja Bem Vindo de Volta pra Cruz.

Eu Sou a Derrota consolida a reputação do Sangue de Bode como uma força perturbadora e visceral na cena de música extrema. Penetrando no abismo cinzento da mente humana, o álbum é destinado àqueles que vivem imersos no caos, na sujeira e na desolação.

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