Review: "Unholy" - Luis Mariutti

Desde que retornou à cena musical, Luis Mariutti tem vivido uma série de experiências. A volta triunfante com a formação original do Shaman foi abruptamente interrompida pela trágica morte de Andre Matos. Embora a banda tenha continuado e lançado um disco, o trabalho foi novamente suspenso, e desta vez parece ser em definitivo, devido a desavenças públicas com o baterista Ricardo Confessori. Nesse ínterim, Luis publicou um livro com memórias dos 50 anos de vida e lançou o primeiro álbum com a Sinistra. Agora, o aclamado baixista adiciona mais um capítulo a essa longa jornada: o primeiro álbum solo intitulado Unholy.

Produzido e arranjado por Hugo Mariutti, com coprodução de Thiago Bianchi, Unholy é um álbum que explora toda a experiência e habilidade de Luis no baixo. Com músicas instrumentais e outras com vocais, o disco, como explicou o músico em comunicado à imprensa, mostra "tudo que um baixista de heavy metal, que não tem medo de ser diferente, pode fazer".  Além de Hugo nas guitarras e Thiago nos vocais, Henrique Pucci na bateria e Rafa Kabelo na percussão completam a formação.

Após uma audição completa de Unholy, não é exagero afirmar que Luis entregou o que prometeu. Ao longo das oito faixas do álbum, somos apresentados a uma riqueza de sons e timbres esmiuçados com maestria pelo baixista. A faixa-título, tendo o baixo como protagonista evidente, abre o disco de forma épica e sombria, fundindo toda a técnica e feeling do músico. O uso de tapping à la baião no meio da canção rememora a brasilidade presente nos trabalhos do Angra, dos quais Mariutti fez parte.

Mantendo uma atmosfera sombria, The Eye of Evil traz nuances de Black Sabbath na composição. Por outro lado, a criativa Journey evoca o período áureo do Shaman com toques de rock clássico. Addicted e Dangerous Life, complexas e rebuscadas, exibem linhas de baixo características da carreira de Luis. A ausência de faixas power metal na tracklist chama a atenção, mas God of War certamente agradará os fãs que anseiam pelo baixo e bateria trabalhando harmoniosamente em ritmos velozes. Por fim, Illustrious Nobody encerra o trabalho com uma pegada tecno/pop/dance curiosa e agradável. Na minha opinião, é a melhor faixa deste disco.

Foto: Divulgação/Caike Scheffer

Quem acompanhou a volta de Luis ao cenário musical sabe que a pessoa responsável por esse ressurgimento tem nome e sobrenome: Fernanda Mariutti. Casados há quase 20 anos, os dois são exemplo de companheirismo e amizade. Se não fosse ela, não teríamos o Mariutti youtuber tocando clássicos do Angra e do Shaman na sala de casa. Figura importante tanto na vida pessoal quanto profissional de Luis, Fernanda foi enaltecida em Unholy com a belíssima e emotiva Fema. Por tudo o que fez e por tudo que certamente ainda fará, Fernanda Mariutti merece todas as homenagens possíveis

Ao longo desses 35 anos de carreira, Luis Mariutti viveu de tudo e se consolidou como um dos maiores baixista do País. Agora, o instrumentista apresenta uma nova faceta, versátil e autoral, em UnholyCelebrando a dedicação de Luis à música, este álbum é apenas mais um capítulo na história de um músico cujo legado está longe de ser concluído. 

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