Review: "Hackney Diamonds" - Rolling Stones

Quando o elegante baterista Charlie Watts nos deixou em 2021, muitos se perguntaram sobre o destino dos Rolling Stones. Contudo, Mick Jagger, Keith Richards e Ronnie Wood não apenas decidiram seguir adiante, mas também surpreenderam a todos ao anunciar o lançamento de um novo álbum de músicas inéditas. Senhoras e senhores, este é: Hackney Diamonds (via Universal Music).

O longo intervalo sem um álbum de músicas inéditas, visto que o último havia sido A Bigger Band em 2005, naturalmente gerou muitas expectativas. Afinal, o que uma banda que já fez de tudo na música ainda tem para nos entregar? Como era de se esperar, os Stones não decepcionam e entregam em Hackney Diamonds um dos álbuns mais legais na vasta discografia.

Ronnie Wood, Mick Jagger e Keith Richards (Foto: Mark Seliger/Divulgação)

Isso se deve tanto à presença de convidados renomados, como Elton John, Paul McCartney, Stevie Wonder, Lady Gaga e o baixista original Bill Wyman, quanto à produção impecável a cargo de Andrew Watt. O álbum apresenta uma sonoridade coesa e cristalina, reunindo elementos familiares da banda, como rock, pop rock cativante, blues e country-rock, todos habilmente recriados com um toque contemporâneo.

A essência inconfundível do rock à moda dos Rolling Stones se manifesta desde o início do álbum. A faixa de abertura, intitulada Angry, reafirma que os músicos britânicos ainda têm muito a oferecer. Embora no videoclipe seja a figura de Sidney Sweeney quem atraia as atenções, é Sir Mick Jagger quem rouba os holofotes ao longo da canção, especialmente durante o refrão fiel ao estilo dos Stones. Seguindo nessa mesma veia de um rock cru e envolvente, Bite My Head Off, que conta com linhas de baixo executadas por ninguém menos que Sir Paul McCartney, destaca-se como a mais divertida do álbum.

Seja você um fã fervoroso dos Stones ou apenas um apreciador de boa música, Live By The Sword certamente tocará seu coração. Esta faixa reúne a formação original dos Rolling Stones, com Wyman no baixo e Watts na bateria, além da ilustre participação de Elton John no piano. Charlie Watts também deixa sua marca em outra canção póstuma intitulada Mess It Up. Em um aceno à dance music, o refrão é gostoso de ouvir. Pode anotar aí que em alguns anos o Marron 5 vai tentar copiar essa. 

Whole Wide World tem uma vibração jovial e uma sonoridade 100% radiofônica. Dreamy Skies e Driving Me Too Hard exploram a influência country-folk na música dos Stones. Nesta toada, Tell Me Straight, cantada por Richards, merece um destaque especial. 

A belíssima e emocionante balada blues Sweets Sounds of Heaven, com participações de Stevie Wonder e Lady Gaga (que gogó, hein?), oferece a serenidade que o título sugere. E a cereja do bolo é a releitura para Rolling Stones Blues do Muddy Watters. 

Com Jagger já na casa dos 80 anos e Richards e Wood quase lá, muitos especulam se Hackney Diamonds será o ato final dos Rolling Stones. A resposta, somente o tempo poderá nos dar. Mas, independente disso, uma coisa é certa: as pedras vão rolar.