O Viper se tornou um fenômeno do metal nacional e no Japão graças aos lançamentos de Soldiers Of Sunsire (1987) e do pomposo Theatre Of Fate (1989) - há quem afirme que a banda seja um das responsáveis pela criação do chamado metal melódico. Tudo apontava para o sucesso global, mas a saída de Andre Matos para dedicar-se à faculdade de Música colocou em cheque o futuro do Viper.
Os remanescentes e fundadores Felipe Machado (guitarra), Yves Passarell (guitarra) e Pit Passarell (baixo) ficaram com um abacaxi enorme para descascar. Com um megacontrato para o lançamento de um terceiro disco, era preciso, antes de tudo, arrumar a casa. Começando pela cozinha, o baterista Renato Graccia foi efetivado.
Embora vivesse o frescor dos 20 anos recém completados, Andre Matos já era considerado um vocalista muito fora da curva. Substituí-lo não era uma tarefa fácil. A solução encontrada pelo Viper para resolver o problema não poderia ter sido mais caseira. Por que não colocar o principal compositor da banda para cantar as músicas? Assim, Pit ascendeu ao posto de baixista e vocalista.
Da esq. p/ dir.: Felipe, Pit, Yves e Renato (Foto: Divulgação) |
Com a nova formação anunciada, o Viper viajou até a Europa para dar início às gravações do novo álbum com o produtor Charlie Bauerfiend. E nesse interim, numa daquelas histórias surreais, Andre Matos se ofereceu para reassumir os vocais, ideia essa prontamente rechaçada pelos agora ex-colegas. Se para os fãs a decisão pode ter sido decepcionante, o mesmo não podemos dizer com relação à banda.
EVOLUTION
O metal e o rock passavam por mudanças no início dos anos 1990. O thrash metal americano de bandas como Anthrax, Testament e, claro, Metallica ditava a tendência do momento. Nessa esteira, o Viper abdicou do metal mais pomposo à la Helloween dos primeiros discos para praticar algo muito mais direto e pesado. A evolução havia começado.
Se tecnicamente Pit tem um vocal inferior ao de Andre, o agora baixista e vocalista valia-se do feeling para enriquecer as canções. O instrumental furioso muito conectado com o som da época transformou Evolution em um disco acima da média. Se mesmo assim alguns fãs torceram o nariz porque o novo álbum não repetia a fórmula consagrada em Theatre Of Fate, o Viper mostrava-se muito confortável com a sonoridade adotada.
O começo avassalador com Coming From The Inside ainda preservava raízes com o passado recente da banda. Já Evolution, a faixa-título, mostrava a nova faceta do Viper em uma canção com um pique no estilo Anthrax. Impulsionado pelo clipe exibido exaustivamente na MTV, Rebel Maniac virou uma espécie de hino da molecada rebelde dos anos 1990. O disco ainda reservava ótimos momentos com The Shelter, The Spreading Soul, Still The Same, Dance Of Madness e Wasted.
Com liberdade para criar, o Viper ousou em Evolution. Se a ruptura com a sonoridade anterior pudesse representar (para alguns) a morte da banda, o sucesso estrondoso conquistado pelo disco provou que o movimento feito pelo quarteto foi certíssimo.
MANIACS IN JAPAN
Domesticamente o Viper ia muito bem, obrigado. Clipe rolando na MTV e momentos antológicos como a abertura do show do Metallica em São Paulo e a apresentação no Monsters Of Rock marcaram o bom momento da banda no Brasil. No Japão, o sucesso iniciado com Theatre Of Fate foi consolidado com Evolution elevando o status da banda no país asiático.
A coroação desse sucesso veio através do igualmente clássico Live - Maniacs In Japan. Lançado em 1993, o álbum registrou toda a energia ao vivo do Viper em uma apresentação no dia 18 de junho, em Tóquio, no encerramento da turnê mundial Maniacs On Tour '92-'93.
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Evolution foi o disco certo no momento certo. A mudança de abordagem na sonoridade acompanhava as transformações da época e mostrou que o Viper acertou em desbravar novos horizontes sem ressentimentos com o passado.
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