Review: "Opvs Contra Natvram" - Behemoth


Se hoje a Polônia é reconhecida como um celeiro de bandas extremas, este reconhecimento se deve aos "desbravadores" que prepararam todo o terreno quando tudo ainda era mato. E um desses desbravadores é o Behemoth, que atinge a maturidade dos 30 anos de atividade com Opvs Contra Natvram (via Nuclear Blast/Shinigami Records). 

Décimo segundo álbum de estúdio do trio polonês formado por Adam 'Nergal' Darski (vocal/guitarra), Tomasz 'Orion' Wróblewski (baixo) e Zbigniew 'Inferno' Promiński (bateria) - com Patryk 'Seth' Sztyber (guitarra) completando a formação ao vivo -, Opvs Contra Natvram tem a produção assinada pela própria banda. A mixagem ficou a cargo de Joe Barresi (Nine Inch Nails, Tool, QOTSA, Alice In Chains). 

Tendo desbravado cada centímetro de terra ao longo dessas três décadas e moldando o metal extremo à sua semelhança, o Behemoth alcançou feitos inimagináveis para uma banda do estilo. Sempre na vanguarda, os poloneses expandiram o horizonte musical em The Satanist (2014) e flertou com o mainstream em I Loved You At Your Darkest (2018). 

Opvus Contra Natvram condensa toda as ramificações musicais exploradas pelo Behemoth. O blackened death metal domina todo o cenário, mas ao longo das 10 faixas do play é possível identificar outros elementos que dão ao disco uma grandiosidade de tirar o fôlego. 

A introdução cinematográfica em Post-God Nirvana abre caminho para a visceral Malaria Vvlgata. Com pouco mais de dois minutos, a faixa aponta para um black metal moderno com excelentes riffs e uma linha de baixo memorável. Enquanto a brutalidade e dramaticidade caminham de mãos dadas em The Deathless Sun, o épico Ov My Herculean Exile destaca-se pela atmosfera densa e sombria.

De estrutura mais simples, Neo-Spartacvs carrega no DNA a genética do proto-black. A sequência com Disinheritance é puro caos. O que perecia ser uma canção cadenciada e atmosférica descamba para uma sucessão de blast-beats e urros infernais. Off To War! mostra-se apocalíptica do primeiro ao último minuto mesclando velocidade e andamentos assombrosos. 

Se a dispensável Once Upon A Pale Horse não acrescenta em nada no disco, o mesmo não se pode dizer sobre Thy Becoming Eternal, que para mim é a melhor do disco. Impossível não imaginar o fogo do Inferno queimando enquanto o coro In nomine igni/In odivim fidei/In absentia christi é entoado. O encerramento fica por conta da épica e majestosa Versvs Christvs.

Não há outra forma de definir Opvs Contra Natvrum que não como uma obra-prima. O nível de excelência empregado e apresentado pelo Behemoth neste play mostra que o patamar atingido pela banda não foi mera obra do acaso. 

... 

E para celebrar o lançamento de Opvs Contra Natvrum, o Behemoth transmitirá um show ao vivo nesta quinta-feira (15), às 13h (horário de Brasília), no canal oficial da banda no YouTube. Opvs Contra Cvltvura foi gravado no terraço do Palácio de Cultura e Ciência de Varsóvia, na Polônia, e apresentará quatro faixas do novo trabalho. 

Comentários