Sempre que um dinossauro lança um novo trabalho fica a questão: como avaliar? No caso de Ozzy Osbourne o negócio fica mais difícil ainda. Afinal, o cara inventou essa brincadeira chamada heavy metal junto com seus comparsas do Black Sabbath lá em 1970. Meio século depois e mesmo com todos os percalços recentes, o Príncipe das Trevas segue ativo e lançou Patient Number 9 (via Sony Music).
É clichê e óbvio que, no auge dos 73 anos, Ozzy não precisa provar mais nada para ninguém no mundo da música. Dono de uma carreira exitosa tanto com o Sabbath quanto solo, o cantor poderia tranquilamente desfrutar de toda glória conquistada deitado em berço esplêndido. Só que o Madman é inquieto. Ele quer produzir.
Para Patient Number 9, Ozzy repetiu a dobradinha com o produtor Andrew Watt - que assinou a produção de Ordinary Man (2020) - e recrutou um verdadeiro dream team para tocar no álbum. Para a "banda base", Ozzy trouxe o guitarrista Josh Homme (Queens of the Stone Age); os baixistas Robert Trujillo (Metallica, ex-Ozzy) e Duff McKagan (Guns N’ Roses); e os bateristas Chris Chaney (Jane’s Addiction), Chad Smith (Red Hot Chili Peppers) e Taylor Hawkins (Foo Fighters - R.I.P. 2022).
Mas é no quesito guitarristas convidados que Ozzy se superou. Um deles, claro, é Tony Iommi. Parceiro de longuíssima data do vocalista, Iommi usa e abusa da consagrada experiência como riffmaker nas faixas No Escape From Now e Degradation Rules. Ambas apresentam uma pegada à la Black Sabbath (eu não esperava nada de diferente disso) e deixam no ar a sensação de aperitivo de como seria um possível novo e derradeiro álbum do Sabbath.
Outro que dá as caras é o "afilhado" Zakk Wylde. Com participação em quatro faixas, o guitarrista imprime a sonoridade clássica que deu o tom nos álbuns dos anos 1990 de Ozzy. Mr. Darkness e Evil Shuffle são os destaques. A participação relâmpago de Mike McCready (Pearl Jam) na empolgante Immortal mostra um Ozzy enérgico na melhor exibição vocal do disco. Eric Clapton aparece em One Of Those Days que, apesar de não ser nem uma Brastemp, vale pelo inusitado.
Por fim, mas não menos importante, o lendário Jeff Beck só faltou fazer chover em Patient Number 9, a faixa-título que abre o disco. Já a belíssima A Thousand Shades é de longe o momento mais emocionante do álbum graças às melodias com ar de anos 1960 despejadas por Beck.
Com a saúde debilitada por conta da idade e dos famosos excessos, só o fato de Ozzy ainda estar vivo é motivo de alegria. E mesmo com todas as adversidades e uma aposentadoria iminente, o icônico cantor mostra respeito à carreira, à música e aos fãs ao entregar em Patient Number 9 o melhor que ele poderia entregar.
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