A influência do Hellhammer na cena da música extrema é incontestável. Há quatro décadas, três jovens suíços - Tom G. Warrior, Martin E. Ain e Bruce Day - uniram forças para subverter o status quo vigente no metal. Embora a precisão técnica estivesse ausente na sonoridade da banda, o Hellhammer estabeleceu os padrões para o metal extremo com o lançamento de três demos e o seminal EP Apocalyptic Raids (1984). Após cumprir sua missão, o trio se separou, deixando o Hellhammer como uma espécie de entidade máxima do black metal ao lado de contemporâneos como Venom e Bathory.
Das cinzas do Hellhammer, Tom Gabriel e Martin Eric deram origem ao Celtic Frost, outra banda de profundo impacto na música extrema. Com uma carreira mais duradoura, o Frost, à semelhança de seu precursor, influenciou uma geração de músicos que surgiram nos prósperos anos 1980. No entanto, o legado do Hellhammer permanece imaculado e agora recebe uma homenagem condizente com sua história. Com o Triumph of Death, Warrior celebra a trajetória do trio suíço com o álbum ao vivo Resurrection of the Flesh (via Dynamo Records/Shinigami Records).
Foto: Divulgação (Roland Moeck/Arcana PhotoArt) |
Frequentemente menosprezada e, em certa medida, ridicularizada, a música do Hellhammer sempre esteve na vanguarda. As imperfeições técnicas evidentes até para os ouvidos menos treinados conferiam à música uma espécie de atmosfera lúgubre e perturbadora para os padrões da época. Era como se três seres primitivos se reunissem numa caverna e utilizassem sons para transmitir uma mensagem obscura e sombria. Essa peculiaridade era, de fato, um charme.
Evidentemente, essa dinâmica não se repete com o Triumph of Death em Resurrection of the Flesh. Ao lado de Tom Warrior, André Mathieu (guitarra/backing vocals), Jamie Lee Cussigh (baixo) e Tim Iso Way (bateria) acertaram o ritmo das faixas clássicas, proporcionando uma qualidade que o trio original do Hellhammer talvez jamais alcançasse. Dessa forma, hinos como The Third of the Storms (Evoked Damnation), Massacra, Horus/Aggressor, Messiah e o épico Triumph of Death são apresentados a uma nova geração de fãs, sem desagradar aos mais antigos que esperavam por esse momento há décadas.
Tom G. afirmou em diversas entrevistas que tanto o Hellhammer quanto o Celtic Frost permanecerão intocados, sem reformulações ou novas músicas. Apesar do Triumph of Death ter surgido para celebrar o legado do trio original, é impossível imaginar uma mudança de ideia por parte de Warrior, resultando em novas criações. Nessa perspectiva, Resurrection of the Flesh se apresenta como o documento necessário para ratificar a magnitude e a importância do Hellhammer, preenchendo uma lacuna fundamental na compreensão do impacto deixado por esta banda pioneira.
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