Quando Ømni foi lançado, dei o braço a torcer e reacendi meu interesse pela banda. Estávamos em lua de mel. Embora o álbum não seja uma Brastemp, ele tem o seu valor. Agora, cinco anos depois, Fabio Lione (vocal), Rafael Bittencourt e Marcelo Barbosa (guitarras), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria) nos presenteiam com o muito aguardado Cycles of Pain, lançado pelas gravadoras Atomic Fire, Voice Music e Valhall Music.
E por que iniciei este texto abordando a ideia de uma relação de amor e ódio? Bem, as primeiras resenhas publicadas sobre o álbum apontavam nessa direção. A base de fãs considerou Cycles of Pain o melhor trabalho do Angra em anos. Já a mídia especializada mostrou opiniões divergentes: enquanto algumas resenhas classificaram o disco como monótono e um possível ponto fraco na trajetória da banda, outras adotaram uma perspectiva oposta, repletas de elogios.
Chegou, enfim, minha vez de ouvir o álbum.
A dualidade que envolve o álbum Cycles of Pain é, sem dúvida, o cerne da questão. Tecnicamente, o trabalho é uma demonstração de virtuosismo impressionante, em que os músicos exibem o notório e conhecido domínio completo de seus instrumentos. Cada nota é executada com precisão, as composições são elaboradas e as estruturas intrincadas mostram a habilidade da banda em se aventurar num território tão complexo.
No entanto, conforme o disco avança, torna-se evidente a ausência de algo fundamental: feeling. A música, por mais técnica que seja, carece da emoção que costumava ser uma marca registrada do Angra - embora a temática do disco gire em torno de emoções profundas. Em alguns momentos ela soa fria e distante, como se os músicos estivessem tão ocupados exibindo suas habilidades técnicas que se esqueceram de tocar com a alma.
Além disso, a falta de originalidade é outro ponto a ser citado. O prog/power metal é um gênero que abriga inúmeras bandas, e infelizmente, Cycles of Pain não se destaca o suficiente para colocar o Angra numa posição de vantagem com relação às outras. O álbum parece seguir uma fórmula previsível, sem trazer muita inovação ou frescor ao gênero.
Cycles of Pain é um álbum que brilha em termos técnicos, mas escurece quando se trata de emoção e originalidade. Enquanto alguns podem apreciar a maestria instrumental da banda, outros podem se sentir desconectados da música devido à falta de profundidade emocional e criatividade. No final, minha relação de amor e ódio com o Angra continua, com este novo álbum sendo mais um capítulo nessa montanha-russa de emoções.
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