Review: "The Last Dance" - Hugo Mariutti

Primeiro álbum solo de Hugo Mariutti após o encerramento das atividades do Shaman, The Last Dance (via ForMusic) foi lançado em junho deste ano e sucede A Blank Sheet of Paper (2014) e For a Simple Rainy Day (2017). Este novo trabalho revela uma profunda incursão do guitarrista e produtor no universo do pós-punk e do rock alternativo britânico.

Com uma carreira que ultrapassa os 30 anos, Hugo Mariutti desafia a própria zona de conforto e se reinventa como músico na criação deste álbum. Conhecido pelos riffs robustos e timbres pesados, neste projeto o guitarrista explora texturas mais simples e introspectivas, alternando entre momentos de positividade e melancolia ao longo das 10 faixas do disco.

Abrangendo influências que vão desde Gerry & The Pacemakers, The Clash, The Smiths, Joy Division e Beatles até Radiohead e Arctic Monkeys, The Last Dance é como o inverno londrino: cinza e melancólico, mas simultaneamente belo e agradável. Essa dualidade é visível logo de cara na faixa Ghosts. Se o instrumental é alegre e positivo, a letra toca em problemas profundos vividos por uma criança durante a infância.  

E assim o álbum caminha, com a graciosa Maybe You'll Never Know, a agradável Too Late e a envolvente faixa-título. Lançada como single durante a pandemia, Poems destaca-se pela sensibilidade ímpar. A letra transmite uma mensagem empática, expressando uma preocupação genuína com o próximo em um período tão desafiador da história recente. Por fim, a pulsante The Other Side contrasta com o encerramento melancólico e introspectivo de Blur

Hugo Mariutti disse que The Last Dance pode ser seu último trabalho, embora pessoalmente eu torça para que não seja. Mas, se for, Mariutti encerra essa etapa da carreira com grandeza, entregando um disco que revela as facetas mais profundas de sua musicalidade.

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