No início deste mês de novembro, os holofotes estavam voltados para o Angra, que lançou Cycles of Pain no dia 3. Nesse mesmo dia, outro grande nome do metal nacional também colocava um novo disco na praça. A banda em questão é o Heaven's Guardian e o álbum se chama Chronos (via Sleaszy Rider SRL). Quarto full-length dos goianos, este trabalho atualiza as definições para "disco grandioso".
Produzido numa escala sem precedentes - um total de 150 músicos de três países diferentes, além de uma orquestra sinfônica completa, um coro sinfônico completo, um coral infantil, sete estúdios de gravação, mais de três mil páginas de partituras, dois teatros e seis produtores - Chronos é, de fato, o projeto mais audacioso já realizado na América Latina. Por aí já dá para se ter uma ideia do tamanho do álbum.
Foto: Ítalo Yure |
E todos esses números se convertem em qualidade. Sim, Chronos é gigante não só na ambição, mas também na musicalidade. O capricho com que as faixas são trabalhadas é o diferencial aqui. Sob a batuta dos "maestros" Roy Z e Addasi Addasi, o álbum é "uma jornada que atravessa os ciclos cronológicos vividos pela humanidade, desde os tempos da Antiguidade da Mitologia Grega, passando pela Idade Média, até chegar à era da Contemporaneidade marcada pela Inteligência Artificial".
A introdução Tempus tem como grande protagonista a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. Após o clímax, a estreante vocalista Natalia Tsarikova entra em cena com os colegas Carlos Zema (vocal), Ericsson Marin e Luiz Maurício (guitarras), Everton Marin (teclado), Murilo Ramos (baixo) e Francis Cassol (bateria) na ótima Sirens of the Past. O power metal sinfônico mantém as rédeas do disco em General of Peace e Valhalla Call.
O romance trágico de Tristão e Isolda ganha vida na faixa Tristan and Isolde. Com uma atmosfera completamente folk, a música estabelece um diálogo com a época em que a história se desenrola. Aqui, vale destacar o contraste entre o vocal angelical de Tsarikova e as notas mais graves de Zema, além do coral que os acompanha. Impossível não sair por aí cantarolando a melodia desta faixa! Mantendo-se na linha folk, mas com uma pitada de guitarras, Sail Away traz consigo um quê de metal pirata graças ao ótimo refrão.
A segunda metade do álbum abre com a pesadíssima The Color of Injustice, seguida pela suave balada Home of Time e a reflexiva Wall of Shame, que aborda o período pós-Segunda Guerra Mundial. Chegamos, então, em um dos pontos altos do disco: The Fall of the Empire. Com uma densidade emocional palpável, a música é guiada por melancólicas linhas vocais e de teclados. Artificial Times serve como prelúdio para o ápice do álbum, a impactante Drowning Land. Está faixa sintetiza tudo aquilo que foi falado sobre a grandiosidade do disco. Uma verdadeira pérola!
Impecável de ponta a ponta, Chronos é um exemplo prático de como o power metal sinfônico pode ser abordado com sobriedade. Mesmo com uma infinidade de elementos e pessoas envolvidas no projeto, o Heaven's Guardian soube dosar cada um desses recursos para entregar um disco irretocável tecnicamente e cheio de feeling.
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