Supergrupo não é nenhuma novidade no metal. No entanto, a ideia básica parte do princípio de reunir músicos já consagrados em projetos que, por vezes, são de qualidade duvidosa. Mas como para toda regra há uma exceção, o No One Spoke quebra essa regra com o debut Nine Mirrors.
Fundado em 2018 em Santa Catarina, o No One Spoke reúne músicos de diferentes nichos. Na voz, a soprano lírica Carla Domingues é um dos nomes mais aclamados e premiados da música clássica na América do Sul. A violinista Ivana Giracca traz na bagagem experiência de tocar com artistas como Lenine, Zeca Baleiro e Steve Vai.
A parte "mais pesada" da banda é formada por André Medeiros (vocal/guitarra), Arthur Cipriani (baixo), Thiago Gonçalves (teclados) e Gabriel Porto (bateria) - sendo Porto e Cipriani membros do Amuro, banda de black metal de Florianópolis.
Com músicos que transitam por vários estilos, o No One Spoke tinha a missão de converter tantas influências em uma sonoridade que fosse diferente e inovadora. E conseguiu. Em linhas gerais, o estilo apresentado em Nine Mirrors é o sympho/prog metal. A associação imediata é com nomes como Nightwish, Epica e Within Temptation.
Mas é no detalhe que o No One Spoke se mostra diferente. A mescla do metal com música clássica é feita de maneira muito orgânica e rica. Os arranjos bem construídos de vozes, piano e violino mostram que a banda busca - e até é possível dizer que já achou - uma identidade própria.
Não bastasse o trabalho autoral ser muito acima da média como nas faixas Bridge to Sanity, Blue Way, Sigh (com um riff inicial que me lembrou muito Transilvanin Hunger, do Darkthrone) e Milonga para las Reinas, o álbum ainda traz um excelente cover do clássico Rainbow In The Dark, do mestre Dio, com participação do baixista Rudy Sarzo.
Se algum lunático chegar perto de você com o papo de que o metal morreu, não hesite e mostre para ele o No One Spoke e o álbum Nine Mirrors.
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