Sound Classic: "Via Dolorosa" - Ophthalamia

Os chamados supergrupos não são nenhuma novidade dentro do metal. São inúmeros os projetos que, em uma boa parcela, nada mais são que aglomerações de grandes músicos fazendo um som que não fariam com suas bandas principais - e, sejamos francos, muitas vezes sem entregar o prometido. Contudo, algo de muito diferente aconteceu com o Ophthalamia no precioso álbum Via Dolorosa (1995).

Formado por Tony 'It' Särkkä (ex-Abruptum), Erik 'Legion' Hagstedt (à época no Marduk), Emil 'Night' Nödtveidt (atualmente no Deathstars) e Benny 'Winter' Larsson (à época no Edge Of Sanity), o Ophthalamia era uma espécie de dream team do black metal sueco. Tendo iniciado suas atividades em 1989, a banda tinha na sua discografia duas demos e o full-lenght A Journey In Darkness (1994). 

Apesar de reunir nomes da cena black metal, a música do Ophthlamia fugia um pouco dessa estética. Na realidade, a única proximidade entre a banda e o estilo era com Legion rosnando como demônio no decorrer do disco. Em termos instrumentais, o quarteto trazia um som mais apurado e refinado. Os riffs de It, por exemplo, são intricados e complexos em um claro flerte com o prog. 

Por essas e outras há quem classifique a banda como black metal progressivo. O site Metal Archives, a Bíblia do metal, define o som da banda como um black/doom/death melódico. Não vou entrar aqui em nomenclaturas e rótulos, mas tendo a concordar com as duas definições. E é esta pluralidade que torna Via Dolorosa um álbum diferente. 

(N.R.: Ophthalamia é um mundo fantasioso criado por It. Todos os álbuns da banda trazem histórias desses universo que tem como deusa a personagem Elishia)

Para quem não está acostumado com músicas longas Via Dolorosa pode soar maçante. O "miolo" é composto por três faixas que ultrapassam os 10 minutos de durações - tirando a intro e a outro todas as demais faixas tem mais de 5 minutos. Rico em melodias e dotado de uma atmosfera altamente sombria e desoladora, este álbum deve ser apreciado e digerido aos poucos, pois a cada nova audição um detalhe é descoberto. 

O disco abre com a acústica introdução Under Ophthalamian Skies - To The Benighted, seguida por Black As Sin, Pale As Death - Autumm Whispers onde a banda mostra para o que veio. O destaque fica por conta do já citado miolo com as grandiosas Slowly Passing the Frostlands - A Winterlands Tear, Via Dolorosa - My Springnight's Sacrifice, Ophthalamia - The Eternal Walk Pt. III e Nightfall Of Mother Earth - Summer Distress. Ainda teve um espacinho para um excelente cover do clássico Deathcrush, do Mayhem.

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Via Dolorosa foi lançado em maio de 1995 pelo selo italiano Avantgrade Music e relançado pela Century Black dois anos depois. No Brasil, o disco foi licenciado pela extinta Somber Music. Em 2017, a Peaceville Records relançou o álbum em vinil duplo com um encarte que contém notas do produtor Dan Swanö e do jornalista Jon 'Metalion' Kristiansen, da Slayer Magazine.

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A belíssima capa, batizada por uns como Green Lady e como Mother Nature por outros, traz a ilustração do artista norte americano Fred Fields

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