Não é nenhum exagero afirmar que os fãs de Iron Maiden (incluindo eu) estavam desesperados por um álbum de inéditas. Seis anos se passaram desde o lançamento de The Book Of Souls (2015) e a espera finalmente acabou! Nesta sexta, 03 de setembro, Senjutsu (via Warner Music) finalmente viu a luz do dia.
Décimo sétimo disco de estúdio da Donzela, o trabalho tem sido apontado pela crítica especializada como "o melhor dos últimos 30 anos" e, indo além, "um dos melhores de toda a carreira da banda". Quando li essas resenhas na gringa e aqui fiquei me perguntando: será que é mesmo? Para responder esta e outras questões faltava ouvir o disco.
A faixa-título que abre o álbum já indica que estamos diante de algo grandioso. O épico carrega muita dramaticidade ao longo dos 8 minutos de duração. A letra cita dinastias e invasores, e emula em nossa mente o cenário de uma gigantesca batalha, digna dos melhores livros e séries como Game Of Thrones!
A dobradinha Stratego e The Writing On The Wall, lançadas como singles, caiu nas graças dos fãs. A primeira apresenta um Maiden clássico com riffs galopantes e o bumbo de Nicko Mcbrain parecendo um Pica-Pau bicando a madeira. Já a segunda é uma grata surpresa. Com uma pegada southern rock, a música assinada pela dupla Smith/Dickinson é uma das melhores!
O começo de Lost In A Lost World remete aos trabalhos solo de Dickinson, mas logo apresenta a primeira viagem progressiva de Steve Harris, cheia de mudanças de andamento, melodias e afins. Agora, Days Of Future Past caminha para o hall de grandes clássicos dos britânicos desde a reunião da formação clássica. O refrão é simplesmente maravilhoso!
Fechando a primeira parte - afinal, Senjutsu é um disco duplo - The Time Machine é espetacular! Novamente os riffs galopantes clássicos do Maiden, mil e uma mudanças de andamento, melodias geminadas, quebradas rítmicas e um refrão apoteótico! Simplesmente genial!
Se Senjutsu terminasse aqui eu já poderia responder as questões levantadas no início desta resenha. Esta primeira metade soou redondinha com uma banda afiada, com os solos inspirados - Adrian Smith, Janick Gers e Dave Murray estão no auge do entrosamento - e as composições de alto nível que estamos acostumados.
"Como assim alto nível? Nenhuma está no nível do The Number Of The Beast". Amigo, esquece isso. Isso nunca vai acontecer de novo. Não existe a menor possibilidade do Iron Maiden soar novamente como soou até 1988. Aliás, a banda sempre deixou claríssimo esse olhar sempre para frente - e para celebrar o passado as turnês temáticas estão aí.
Entramos, então, na segunda parte de Senjutsu. Confesso aos senhores que desde o anúncio do disco minha atenção ficou totalmente presa nos 30 minutos finais, no qual temos Steve Harris brincando de fazer música em três faixas. Mas antes disso tem Darkest Hour, mais uma parceria entre Dickinson e Smith. A música lembra novamente a carreira solo do vocalista.
Vamos ao que interessa: solta a vinheta aí que vai começar o Stephan Percy Harris's Show! Ninguém é maluco de a essa altura do campeonato questionar as habilidades de Steve Harris como compositor. Mas se esse maluco existe, 'Arry responde com uma trinca majestosa fechando o disco.
A primeira é Death Of The Celts. Épico clássico na Escola Iron Maiden de Épicos, esta apresenta uns traços de The Clansman com excelentes linhas de baixos e passagens que certamente irão incendiar as arenas quando a for tocada. The Parchment apresenta uma atmosfera mais obscura, densa e apocalíptica como em The Book Of Souls.
Nada é tão grande que não possa crescer mais. Se até aqui Senjutsu já se desenrolava como uma obra gigante, Hell On Earth mostra que para o Iron Maiden - e especialmente Harris - quem tem limite é município. O fã que estava sedento por algo novo do sexteto vai se deleitar com esta que, sem dúvidas, é uma das melhores do disco!
Findada a audição, vamos às respostas para as questões lá do início: é o melhor dos últimos 30 anos? Sim, ao lado do Dance Of Death. Um dos melhores da carreira? Nos últimos 30 anos, sim. Independente de comparações, melhor que esse ou aquele, o grande ponto aqui é que com quase meio século de vida o Iron Maiden segue nos presentando com músicas e discos grandiosos.
P.S.: Como diz o ditado, nem tudo são flores. Os teclados em algumas músicas são completamente descartáveis. Entendo a ideia, mas não acho a execução das melhores.
UP THE IRONS!
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