Sound Classic: "Battle Hymns" (1982) - Manowar

Contrariando minha própria posição de jamais escrever algo sobre o Manowar, eis-me aqui. Mas por que eu nunca escreveria sobre a banda? Bem, em mais de duas décadas envolvido com o heavy metal, nunca entendi minha relação com o quarteto norte-americano.

Seria pelo visual exagerado dos primórdios? Pelo "true metal" em excesso? Pelas ações questionáveis de Joey DeMaio & Cia. ao longo da história? Ou talvez pelo crime envolvendo o ex-guitarrista Karl Logan? Não sei. O fato é que, embora tenha ouvido uma música aqui e outra acolá, nunca dediquei tempo suficiente para mergulhar em um álbum completo do Manowar. Mas então surgiu uma oportunidade…

Andando de metrô pelo Rio de Janeiro, o aplicativo de música me sugeriu o álbum Battle Hymns, o primeiro trabalho da banda, lançado em 1982. Como a viagem era longa e a preguiça de procurar outra coisa bateu, simplesmente dei play no disco. Prepare-se, porque aí vem o plot twist.

A primeira constatação foi que eu conhecia praticamente todas as faixas do álbum. Onde e quando as escutei? Não faço a menor ideia. Essa experiência parece ter sido apagada da memória pela minha má vontade (?) com a banda. E a segunda constatação vem com uma afirmação que eu nunca imaginei fazer: Battle Hymns é um baita disco!

Com 36 minutos de música, o álbum é muito bem estruturado. O início do "lado A" com a trinca Death Tone, Metal Daze e Fast Taker já dá um indício de que vem coisa boa por aí — mesmo com a bateria de Donnie Hamzik mal gravada e, por vezes, parecendo mal tocada. Mas, anos 1980, né? Foi o máximo que conseguiram para o primeiro disco junto à Liberty Records.

Mas é no "lado B" que estão as melhores músicas do disco. A primeira, Manowar, soa poderosa graças à combinação explosiva dos vocais de Eric Adams com as guitarras de Ross The Boss. O épico desengonçado Dark Avenger fica no limite entre o incrível e o dantesco. E o que se passava na cabeça do folclórico Joey DeMaio ao regravar William's Tale?

O crème de la crème não poderia ser outro senão a faixa-título, que encerra o disco — esta sim um épico redondinho do primeiro ao último minuto. Embora a letra se mantenha na mesmice das batalhas, guerreiros e afins, a música é uma peça ímpar na história do heavy metal. Aqui, mais uma vez, quem brilha é Adams, com uma interpretação apoteótica.

É bom quando a gente se rende a algo para o qual torcemos o nariz por anos, né? Não que isso vá me transformar em um fã incondicional do Manowar. Tudo tem limite.

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