Formada em São Luís-MA, a BASTTARDZ despontou como um dos nomes mais importantes da resistência contra tudo isso que taí. Os primeiros atos de oposição foram Brasil Com Z (2020) e 2021: Uma Odisseia No Inferno, em que vociferavam de forma impetuosa em oposição às anomalias muito voga naquele momento. Agora, o quarteto reaquece a máquina de verdades indigestas e despeja tudo com muita fúria em Auschwitz Tropical.
Embora viver no Brasil atual seja um fardo dificílimo, é nesse País agonizante que o quarteto formado por Andre (vocal), Inaldo (guitarra), Texugo (baixo) e Gabs (bateria) encontra inspiração para traficar informação. Composto por apenas oito faixas, a sensação que fica é que, com tanta bizarrice aqui e acolá, Auschwitz Tropical poderia ter tranquilamente umas 550 músicas.
A faixa-título abre o portal do caos com um riff à la Anthrax e que descamba para uma porrada brutal com forte influência de Municipal Waste. Sem papas na língua, a frase "Campo de extermínio com vista para o mar/Holocausto na terra do sol é outro patamar" é um soco no estômago muito bem dado. No fim, a música relembra o tenebroso caso de Givanildo de Jesus Santos, asfixiado e morto dentro de uma viatura da PRF no Sergipe.
Lançada como single, O Despertar da Besta reúne todas as aberrações que temos vivenciado nos últimos anos em um crossover lindíssimo classe A - com destaque para o trampo de bateria executada por Topeira. E como diz a letra, "No despertar da Besta, até o Zé levanta do caixão". A visceral Cotidiano dos Tiranos chega como uma voadora nos peitos, vomitando verdades sobre a classe engravatada que destrói o País.
Com um riff maravilhoso e cheio de ódio executado por Inaldo, Febre do Rato é uma síntese da ira musical que é a BASTTARDZ. Sem negar o respeito ao rap e toda a contribuição para a música de protesto, a banda solta o beat e com a frase "Hardcore Antifascista filhos da Revolução/Basttardz – Traficando informação" anuncia a faixa Traficando Informações. E como não se faz revolução com flores, a banda nos lembra que "Molotov é a solução".
A "divertida" Zeronoveoito é um retrato fiel sobre o Maranhão, na qual Andre expõe a desgraça local cuspindo verdades intragáveis relacionadas ao estado. A punk Revolta funciona como um legitimo hino rumo à guerra, cuja letra, sem cerimônias, promete "vingança contra toda intolerância". Fechando o trabalho, a brutal Cova Rasa alerta para a indigência em que vive a maioria dos brasileiros.
Doa a quem doer, a BASTTARDZ não poupa palavras para expressar todo o ódio contra o extermínio - visível a olho nu - das minorias; contra a burguesia safada; e contra o liberalismo/capitalismo que sufoca os indivíduos mais vulneráveis deste País. Auschwitz Tropical é o disco certo no momento certo.
O álbum pode ser visto como uma atualização do Brasil cantado pelo Ratos de Porão em 1989, mostrando novos problemas dentro do mesmo histórico de depreciação da nação. Só nos resta torcer para que o que foi cantado agora não se estenda ainda mais.
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