Falar qualquer coisa sobre o AC/DC é chover no molhado. A lendária banda australiana fundada na década de 1970 não precisa provar nada a ninguém, mas segue ao longo da sua célebre carreira empilhando discos e mais discos que promovem o bom e velho Rock ’N’ Roll. E este é o caso de Power Up, décimo sétimo álbum de estúdio da banda capitaneada por um endiabrado Angus Young.
Mas antes de falar do disco em si é necessário voltar um pouco no tempo para compreender o cenário no entorno da banda. A morte de Malcolm Young em 2017 foi um baque no mundo da música. Co-fundador do AC/DC, o guitarrista estava afastado dos palcos e dos estúdios desde 2014. O substituto também veio da família, sendo Steve Young, sobrinho de Malcolm, o escolhido.
Antes do início da gigantesca turnê de dezessete meses para promover o álbum Rock Or Bust (2014), o baterista Phil Rudd foi afastado da banda após pesadas acusações de tentativa de assassinato, ameaça de morte e posse de metanfetamina e maconha. Condenado a oito meses em prisão domiciliar, Rudd foi substituído por Chris Slade — que já esteve na “cozinha” da banda em 1990 no The Razors Edge.
Em 2016 foi a vez do vocalista Brian Johnson licenciar-se da banda por conta de problemas de audição. Johnson corria o risco de uma perda total e deixou a turnê para seguir em tratamento. Em entrevista, o músico disse que seu problema não era pelo poderoso som do AC/DC no palco, mas sim pelo baralho dos motores dos carros de corrida — outra paixão de Brian.
Com isso, as datas finais da turnê do Rock Or Bust tiveram que ser remarcadas e, para a surpresa de todos, a banda anunciou que Axl Rose se juntaria ao AC/DC para que a tour fosse concluída. Contudo, o baixista Cliff Williams afirmou que não seguiria na banda ao término do giro pois não sentia que ela seria mais a mesma sem Malcolm, Brian e Rudd.
O RETORNO
Após dois anos de silêncio total, começaram a pipocar rumores de que o AC/DC havia se reunido— com Johnson, Rudd e Williams — para a composição e gravação do seu décimo sétimo trabalho de estúdio. Em agosto de 2018, no melhor estilo paparazzo, a banda foi fotografada no Warehouse Studio, em Vancouver, Canadá, alimentando ainda mais as especulações sobre um novo disco.
A confirmação oficial do novo álbum só veio em outubro de 2020. Gravado entre setembro e agosto de 2018 com a produção de Brendan O’Brien — que trabalhou com a banda nos seus dois discos anteriores — , o disco ainda passou por ajustes finais durante 2019.
Power Up (ou PWR/UP ou também PWRϟUP) é totalmente creditado a Malcolm e Angus Young. Isto só foi possível porque Angus, em uma espécie de parceria póstuma, resgatou composições antigas ao lado do irmão e trabalhou nelas para o novo disco.
O DISCO
Há quem diga que os trabalhos do AC/DC são mais do mesmo pela estrutura básica — e supostamente fácil — que as músicas têm. Bom, se o ouvinte busca complexidade existem diversas bandas por aí. Aqui, o negócio é o bom e velho Rock ’N’ Roll.
Composto por 12 músicas e lançado pela Sony Music, Power Up é empolgante do início ao fim. As músicas são diretas, simples e curtas — a mais longa tem pouco mais de 4 minutos. A produção assinada por O’Brein faz o álbum soar de forma limpa, com riffs bem definidos, e baixo e bateria bem audíveis.
O álbum abre com a energética Realize com toda a característica eternizada pela banda em um belo cartão de boas-vindas. Shot In The Dark, o primeiro single, é a síntese da máxima “menos é mais”. Direta e sem firulas, a música mostra também que Brian Johnson segue em grande forma.
Demon Fire apresenta um AC/DC rápido e pesado com um ótimo trabalho de guitarra da dupla Angus e Steve. Destaque também para a excelente linha de bateria de Phil Rudd. A melhor do disco! Outras que merecem destaque são Throught The Mists Of Time, Witch’s Spell, No Man’s Land, Systems Down e Money Shot.
O AC/DC mesmo não precisando provar mais nada para ninguém nos brinda com um disco muito bom mostrando toda a força do quinteto australiano. A banda soa coesa, em bom nível técnico e cheia de feeling. Power Up é um álbum para curtir e se divertir, assim como o Rock ’N’ Roll.
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